PAULA GIL
da Efe, em San Francisco
Um negócio rentável, mas perigoso: os grandes sites da internet tentam se manter afastados dos conteúdos pornográficos, uma fonte de renda ainda tabu devido ao receio de provocar danos à imagem da empresa.
A Apple, por exemplo, se esforça para manter sua loja on-line livre de aplicativos pornográficos para o iPhone --plataforma perfeita para jogos, vídeo e, obviamente, conteúdos para adultos.
No YouTube, os vídeos pornôs são vetados, o que incentivou a aparição de réplicas como o YouPorn, inteiramente dedicadas ao gênero.
O Bing, o novo site de buscas da Microsoft, foi descoberto pelos amantes da pornografia como um dos sites mais discretos para encontrar este tipo de vídeos. A gigante do software reagiu com medidas para bloquear este tipo de acesso.
Muitos especialistas do setor acham que manter certos serviços da internet livres de pornografia é quase uma missão impossível, uma vez que a maioria dos conteúdos são proporcionados pelos usuários.
As aplicações para o iPhone, por exemplo, são em sua maioria criadas por programadores independentes alheios à Apple, embora a companhia tenha a última palavra sobre quais programas são oferecidos em sua loja on-line.
A fabricante do iPhone dividiu clientes recentemente ao permitir --talvez por erro-- a distribuição do primeiro aplicativo considerado abertamente pornô. Mas a permissão durou pouco, devido à avalanche de críticas.
O "Hottest Girls" mostrava fotos de mulheres seminuas, recebeu inicialmente o sinal verde da Apple e muitos usuários começaram a baixá-lo para o iPhone, mas a firma recuou pouco depois.
"A Apple não distribuirá aplicativos que tenham conteúdo inadequado, como pornografia", disse a empresa, em comunicado.
Outro programa chamado "BeautyMeter" permitia aos usuários publicar fotos de homens ou mulheres e classificá-los segundo seu físico, mas a aparição de uma imagem de uma menor nua levou a Apple a eliminar o aplicativo de seu catálogos.
No entanto, o controle exercido pela Apple também foi criticado por muitos programadores, que se queixam de uma censura excessiva e apontam que o Google, criador do sistema operacional para celulares Android, deixa esta tarefa nas mãos dos próprios usuários.
A Apple, por exemplo, vetou em maio um aplicativo que consistia em um leitor de livros eletrônicos só porque permitia o download do Kama Sutra.
Cautelosas
Neste sentido, quase todas as empresas da internet preferem ser cautelosas em excesso do que permissivas demais.
A Microsoft, por exemplo, recebeu recentemente críticas pela facilidade com que o Bing permitia a visualização de conteúdos pornográficos.
Ao procurar vídeos no site de buscas da Microsoft, é possível ver o conteúdo só ao passar o mouse sobre o resultado, sem ter de entrar no site, o que involuntariamente transforma o serviço em um discreto site para quem quer consumir pornografia sem deixar pistas.
A companhia reagiu criando um domínio específico para conteúdo pornô dentro do Bing, uma medida que torna mais simples bloquear os conteúdos para adultos usando ferramentas como o SafeSearch.
Os vídeos não aptos para menores são redirecionados ao domínio 'explicit.bing.net'. O SafeSearch bloqueia todos os conteúdos que venham deste site, evitando que apareça pornografia entre os resultados.
"Vimos que podíamos fazer mais do que os outros buscadores", disse Martin Spinetto, responsável de marketing para os serviços online da Microsoft, sobre a decisão.
"Sempre vai ter gente buscando pornografia na internet, mas pelo menos temos que dar aos pais as ferramentas necessárias para que mantenham o controle", informou.
A decisão recebeu boas críticas no setor. "Alguns especialistas nos disseram, inclusive, que deveria ser uma medida padrão para toda a indústria", acrescentou Spinetto.