Você chega ao trabalho e twitta algum pensamento que teve no caminho para o escritório. Enquanto ouve a sua banda preferida no MySpace, aproveita para checar o Facebook e dar aquela olhadinha rápida no Orkut. Uma prática que há dez anos nem existia dominou o cotidiano de boa parte do mundo: participar de redes sociais. Já é uma realidade tão comum que elas superaram até a pornografia enquanto primeira atividade na web, de acordo com Erik Qualman, autor do livro Socialnomics.
Com 96% da geração Y - grupo de pessoas nascidas principalmente nos 80 que apresenta extrema facilidade de lidar com a tecnologia - participando de alguma rede social e com o Facebook que já chegou a ganhar do Google em termos de acesso semanal, começa a se formar a necessidade de profissionais focados para esse meio, que lida com muito dinheiro e pessoas. Apenas o Facebook alcançou sozinho 200 milhões de usuários em menos de um ano.
Pensando em um mercado de trabalho ainda em formação, Eric Messa coordena o curso de extensão Comunicação e Mídias Sociais: Estratégias e Tendências, na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo. "Comecei a observar o crescimento das redes sociais, especialmente do seu uso como ferramenta de comunicação empresarial", afirma o professor, que pensa no projeto desde um ano e meio atrás.
As aulas foram criadas para jovens profissionais da Comunicação Social que estão iniciando a carreira. Um publicitário pertence a esse mercado porque deve fazer campanhas para a nova mídia, um relações públicas encaixa-se na área porque precisa cuidar da presença de uma marca na rede social e jornalistas podem aproveitar para produzirem conteúdos específicos no meio.
Porém, Messa salienta as características específicas desse trabalho. "O mercado de mídias sociais exige um know-how diferenciado", diz, sobre o que as faculdades de Comunicação ainda não estão acostumadas a lidar: a interdisciplinaridade. Assim, o curso busca atender as outras habilitações que o comunicador não teve durante a sua formação, mas que agora precisa ter noções para trabalhar com redes sociais. O professor lembra, porém, que conhecimentos profundos de Informática são desnecessários. "Isso é uma era passada", explica, já que as ferramentas apresentam atualmente usabilidade instintiva.
O profissional deve saber transmitir a mensagem da marca como um publicitário. Também precisa saber lidar com diversos públicos - não só consumidores como na publicidade, mas com fornecedores e imprensa -, função do relações públicas. Do jornalismo, ele deverá saber produzir informação focada nessa mídia. "Tanto mercado quanto academia estão se adaptando à necessidade de profissionais qualificados para lidar com as mídias sociais", explica.
Apesar do curso da FAAP ter sido pensado para jovens profissionais, Messsa garante que pessoas mais experientes também podem trabalhar com redes sociais. "É uma premissa errada pensar que é apenas para jovens. O importante é entender a dinâmica da mídia e vivenciá-la com frequência". Porém, a informalidade que ela sugere pode ser uma armadilha para parecer que a qualificação é desnecessária para se inserir no mercado. Simplesmente ter uma coleção de contas em redes sociais não é o suficiente para trabalhar com isso. "Sem conhecimentos específicos, não se é capaz de falar em nome de uma marca", garante o professor.
Redação Terra