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  Fevereiro/2011

 

 

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O Kinect contra o mouse

Fabiano Candido, de INFO Online
 
Alex Kipman, o brasileiro que criou o Kinect na Microsoft, conta na entrevista a seguir como suas pesquisas vão aposentar o mouse.

Qual é o limite tecnológico do Kinect?

O Kinect é um conjunto de software e hardware que funciona como pincéis e uma palheta de tintas. Então, o limite é a criatividade do desenvolvedor. A indústria de games deve pegar esse aparato e criar o que for possível, como se estivesse fazendo trabalhos artísticos. Dá para fazer coisas inimagináveis com o Kinect.

O Kinect não identifica, por exemplo, os dedos dos jogadores. Isso não é um limite técnico?

O sistema já é capaz de rastrear os dedos. Mas deixamos esse recurso desativado. O motivo é simples: as pessoas que jogam com o Kinect estão sempre com as mãos fechadas. Basta observar uma criança jogando para notar que ela pula e se movimenta com as mãos fechadas. Por isso, os jogos do Kinect, por enquanto, não precisam identificar dedos. No futuro, se aparecer um jogo em que seja necessário usar os dedos, poderemos fazer o hardware enxergar até o dedão do pé com apenas uma atualização no software de controle do Kinect.

A indústria de jogos está pronta para o Kinect?

Quando apresentei o Kinect ao CEO da Harmonix Music Systems, Alex Rigopulos, ele disse: “O Kinect é a tecnologia que eu esperei a vida inteira”. Sabe por quê? Com o Kinect ele pode contar novos tipos de histórias e ensinar os jogadores a fazer outras coisas. O pessoal da Harmonix criou o Dance Central, onde o jogador usa o Kinect para dançar. A indústria de jogos já pegou a palheta de cores e os pincéis do Kinect, e vai usá-los para criar jogos com boas histórias e muita diversão.

Não vimos nenhum jogo para Kinect com gráficos excepcionais, como os do Call Of Duty. O Kinect funciona com jogos desse tipo?

Sim, é só uma questão de tempo até termos um bom catálogo deles no mercado. Nós só não anunciamos jogos com gráficos excepcionais ainda por uma questão de estratégia. A Microsoft decidiu que, na estreia do Kinect, em novembro passado, os jogos deveriam agradar a todos os públicos. Demos prioridade a títulos que favorecem a interatividade e a diversão em família. Os gráficos não eram o objetivo principal. Mas, com o passar dos meses, jogos hardcore, como os de tiro em primeira pessoa, vão aparecer. Num evento recente, apresentamos o Steel Battalion, um jogo de guerra que usará ao máximo os recursos do Kinect.

Agora que o Kinect ficou pronto, em que você está trabalhando?

O Kinect é o começo de uma jornada. Quero fazer as tecnologias evoluírem, e, ao mesmo tempo, desaparecerem para o usuário.

O objetivo é colocar o corpo no comando?

Não necessariamente. O Kinect é muito mais do que um dispositivo para usar o corpo como controle. Ele capta também a voz dos jogadores. O objetivo é fazer com que a tecnologia entenda os humanos. Quero que os sistemas fiquem mais naturais. Eles deverão entender quem são as pessoas, além de captar movimentos e vozes. Quero que parem de usar o mouse.

Que resultados esse trabalho vai trazer?

Em dez anos, as pessoas não vão precisar mais aprender tecnologia e nem apertar botões, digitar textos num teclado ou usar o mouse para controlar um computador. Vamos olhar para o mouse e achar que é algo muito arcaico.

O Kinect chegará aos PCs?

Por enquanto, eu não sei de nenhum plano para levá-lo a outras plataformas, como o PC. Mas, como o Kinect é uma revolução, ele não vai terminar sua história no Xbox.

Os hackers já instalam o Kinect em plataformas como Mac e Linux. A Microsoft não está perdendo tempo?

Eles não são hackers. São entusiastas por tecnologia e eu adoro pessoas assim. Deixei partes do sistema abertas para que eles brincassem e tivessem acesso à tecnologia que está mudando o mundo dos jogos. Gosto de inovação e sou diretor de uma área de incubação de novas tecnologias. Não faria sentido deixar o Kinect totalmente fechado.

 

 

 

     

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