Morar em um país
como o Brasil,
onde cada região
possui um clima
diferente, pode
ser bom para uns
e ruim para
outros.
Um
estudo realizado
na Universidade
Federal de São
Carlos (UFSCar),
sobre chaminés
solares, no
entanto, pode
ajudar a
refrescar quem
vive em áreas
mais quentes.
Chaminé solar
A chaminé
solar
desenvolvida
pelo professor
Maurício Roriz e
seus orientandos
Fernando Sá
Cavalcante e
Letícia de
Oliveira Neves,
adota o mesmo
princípio de um
aquecedor solar
de água e pode
ser instalada
para estimular a
ventilação
natural em
residências ou
escritórios.
"A chaminé
funciona como um
coletor solar:
os raios solares
atravessam um
vidro e aquecem
uma placa
metálica preta,
situada abaixo
dele. Aquecida,
a placa emite
calor, mas em
frequência
diferente da que
vem do sol e
para a qual o
vidro é opaco.
Assim, o calor
entra, mas não
consegue sair",
explica Roriz.
Nos coletores
solares
convencionais a
água se aquece
ao circular em
tubos que passam
sob a placa
quente. "Na
chaminé solar,
em vez de água
passa o ar",
disse.
Esse
ar-condicionado
natural se
baseia no
chamado "efeito
chaminé": no
interior da
estrutura, o ar
aquecido se
torna mais leve
e tende a subir,
aspirando o ar
dos ambientes e
substituindo-o
pelo ar
exterior, mais
puro e
geralmente mais
confortável,
particularmente
nos climas
típicos do
Brasil.
"Trata-se,
portanto, de um
processo de
ventilação
provocado por
diferenças de
temperatura e de
pressão, sendo
muito eficiente
para promover o
conforto térmico
nas horas
quentes, mesmo
em áreas urbanas
densamente
ocupadas, onde
os obstáculos
impedem o
aproveitamento
da ação direta
do vento",
comentou Roriz.
Modernos,
quentes e com
alto consumo de
energia
Por uma
conjugação de
diversos
fatores, as
cidades se
tornam cada vez
menos
confortáveis,
provocando as
chamadas ilhas
urbanas de
calor.
"Além dos
obstáculos à
ventilação
natural, as
áreas com
pavimentação
impermeável
crescem,
invadindo os
espaços onde
havia parques,
bosques e
jardins, cuja
vegetação
contribuiria
significativamente
para amenizar o
clima", disse o
pesquisador.
De modo
geral, os
edifícios também
não são
projetados e
construídos de
modo a favorecer
os processos
naturais de
promoção do
conforto
térmico. O uso
indiscriminado
do vidro, sem o
devido
sombreamento,
transforma a
edificação em um
verdadeiro
coletor solar.
"Tentando se
proteger, o
usuário fecha
cortinas,
interrompendo a
ventilação
natural e
escurecendo o
ambiente. Então,
acende lâmpadas,
que também geram
calor, assim
como os outros
equipamentos
elétricos que
usamos em nossos
escritórios e
residências.
Desse círculo
vicioso resultam
desconforto e
desperdício de
energia", disse
Roriz.
Arquitetura
bioclimática
Segundo ele,
existem diversas
técnicas e
estratégias,
denominadas
bioclimáticas,
que poderiam
contribuir para
elevar a
qualidade dos
edifícios, mas
que ainda são
pouco conhecidas
e aplicadas no
Brasil.
A chaminé
solar é uma das
técnicas da
arquitetura
bioclimática,
assim como as
coberturas
"verdes" (uso de
vegetação sobre
as coberturas
das
edificações), a
refrigeração
evaporativa
(sistema natural
de resfriamento
baseado na
evaporação da
água) e a
inércia térmica
do solo e dos
sistemas
construtivos
(que guarda o
calor nas horas
quentes para
combater o frio
das madrugadas,
ou vice-versa).
Essas
técnicas têm
como objetivo
contribuir com a
preservação do
meio ambiente e
a eficiência
energética do
ambiente
construído,
obtidas por meio
do uso racional
dos recursos
naturais, além
de proporcionar
o conforto
térmico aos
ocupantes das
edificações.
De acordo com
Roriz, é
possível
construir
edifícios
confortáveis sem
condicionador de
ar, aproveitando
a ventilação
natural. "Os
condicionadores
convencionais de
ar ressecam o
ambiente e
prejudicam o
sistema
respiratório
humano, além de
impactarem
negativamente o
meio ambiente. A
chaminé solar
proporciona
ventilação, sem
consumir
eletricidade e
sem agredir a
natureza",
afirmou.
Como um dos
resultados da
pesquisa, o
professor
desenvolveu um
software,
chamado Chaminé,
que calcula a
ventilação
provocada por
diferentes
situações de uma
chaminé solar,
contém dados
climáticos de
mais de 300
cidades de todo
o país e pode
ser baixado
gratuitamente no
endereço
www.roriz.eng.br/download_6.html.
Inovação
Tecnológica