Os cientistas das Universidades de Texas e Yale simularam a
liberação excessiva de dopamina no cérebro e descobriram
que, sob essas condições, o sistema recuperava memórias de
uma maneira parecida com a esquizofrenia.
O estudo partiu
de uma das teorias que explicam a doença, chamada “hiper
aprendizado”. Nesta hipótese, o excesso de dopamina faz com
que o cérebro perca a capacidade de esquecer ou ignorar
informações não essenciais. Parece paradoxal que o excesso
de memória cause problemas, porém, sem essa capacidade, o
cérebro perde a habilidade de reconhecer, entre tudo aquilo
que chega de estímulo, o que é significativo. O resultado
seriam conexões e relações que não são reais e a falta de
habilidade de se ligar em histórias coerentes.
Para testar a hipótese, os pesquisadores usaram uma rede
chamada DISCERN que tem a capacidade de lidar bem com a
língua e de armazenar histórias da mesma maneira que o
cérebro humano - não em unidades distintas, mas em uma
relação de palavras, frases, roteiros e enredos. O sistema
aprende por repetição: quanto mais vezes uma pergunta for
feita sobre a mesma história, mais refinadas serão as
respostas.
Para simular o aumento da dopamina, os pesquisadores
aumentaram a taxa de aprendizado do sistema. Basicamente,
disseram a ele que “parasse” de esquecer tanto. O resultado
foi surpreendente: depois de ser treinado para não esquecer,
o DISCERN começou a se colocar no centro de narrativas
fantásticas, delirantes, que incorporaram elementos de
outras histórias. Em uma das respostas, por exemplo, ele se
disse responsável por um atentado terrorista. Em outros
casos, o sistema passou a responder a uma pergunta com uma
série de frases diferentes, digressões abruptas e misturando
o uso dos sujeitos, indo e voltando da terceira para a
primeira pessoa.
Embora significativo, o trabalho não é prova final da
existência do hiperaprendizado. No entanto, o estudo,
publicado na
Biological Psychiatry, mostra como é possível utilizar
as redes para simular reações no cérebro.