O presidente da França, Nicolas Sarkozy, elogiou a internet em uma reunião em Paris nesta terça-feira, mas afirmou que a rede precisa de regulamentação.
Sarkozy está participando da primeira reunião do e-G8, da qual participam executivos dos gigantes do setor para discutir o impacto da internet. Entre os presentes, estão Mark Zuckerberg, do Facebook, o fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, e Eric Schmidt, do Google. O presidente executivo da News Corp, Rupert Murdoch, e o diretor-geral da BBC, Mark Thompson, também participam da reunião.
Citando as revoltas populares na Tunísia e Egito, que usaram ferramentas como o Facebook, Sarkozy afirmou que a internet mudou o mundo, mas acrescentou que os governos precisam aplicar regras para controlar a rede. Críticos afirmaram que a reunião e-G8 está muito concentrada na entrega do controle da internet a empresas e governos.
Ao falar sobre essas críticas, o presidente francês afirmou que os governos estão sujeitos à vontade de seus cidadãos, que, por sua vez, estão participando de uma revolução estimulada pela internet. "A revolução global que vocês encarnam é pacífica. Não ocorre em campos de batalha, mas em universidades", afirmou.
Sarkozy acrescentou, no entanto, que os países não podem continuar neutros e permitir o uso completamente desenfreado da internet. "O mundo que vocês representam não é um universo paralelo onde regras legais e morais e, de um modo mais geral, as regras básicas que governam a sociedade em países democráticos não se aplicam", afirmou.
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O presidente francês já foi apontado como alguém que favorece os criadores de conteúdo e detentores de direitos em vez dos usuários da internet. A França já aprovou uma das leis mais severas do mundo contra as pessoas que baixam conteúdo da internet sem pagar. Entre as punições para os usuários franceses que cometem este delito várias vezes, está o corte na conexão com a rede.
Durante a reunião desta terça-feira, Sarkozy afirmou que o papel da regulamentação implementada pelo governo é promover a criatividade e evitar a criminalidade.
"Sei e compreendo que nossa ideia francesa de leis de direitos autorais não é a mesma que a dos Estados Unidos e de outros países", disse. "(Mas) ninguém pode ter suas ideias, trabalho, imaginação e propriedade intelectual expropriada sem punição", afirmou. O comentarista de mídia americano Jeff Jarvis desafiou Sarkozy durante uma sessão de perguntas e respostas para que o presidente francês assinasse um juramento para "não prejudicar" a internet.
A sugestão de Jarvis foi recebida com indignação, e Sarkozy indicou que garantir o controle de atividade ilegais nunca poderia ser visto como algo prejudicial. Depois do debate, em entrevista à BBC Jarvis afirmou que os comentários do presidente francês revelam as verdadeiras intenções de muitos líderes mundiais.
"Pelo menos Sarkozy reconheceu que ele não é o dono da internet e que seu governo não é o dono da internet. Contudo, ele está reivindicando a soberania aqui, e o G8 também vai fazer isso, e eu temo isso", disse o comentarista. "Talvez, com as melhores intenções, eles vão tentar mudar a arquitetura da internet e como ela opera, mas ainda não sabemos sequer o que é isto. "É muito cedo para regulamentar", afirmou.
BBC Brasil