O objetivo principal do decreto é acabar com as
emissoras em nomes de laranjas. "Vamos empurrar as
licitações para um maior profissionalismo", disse o
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, após reunião
de três horas com Dilma, na qual discutiu também
modificações na licitação da telefonia de quarta geração
(4G), mais rápida que a atual, cujo leilão está marcado
para abril.
Ele explicou que hoje há um conjunto de
emissoras em mãos de empresas e pessoas sem capacidade
financeira de manter o negócio. Pelas regras atuais,
quem ganha uma concessão paga a outorga em duas parcelas
ao governo. Porém, há um grande número de
concessionários que não pagou a segunda parte, e algumas
sequer recolheram a primeira. Há pelo menos cem
processos enviados pelo Ministério das Comunicações à
Advocacia-Geral da União para tentar recuperar as
frequências dos caloteiros.
Essa mudança que afasta os especuladores é aguardada
pelas empresas do setor. Pelas novas regras, um
candidato a emissora terá de comprovar sua capacidade
financeira para tocar o negócio com a apresentação de
dois pareceres de auditorias independentes. Precisará
também apresentar um projeto indicando a origem dos
recursos a serem usados no empreendimento. Isso, na
interpretação de empresários do setor, afasta os
aventureiros.
O valor da outorga será cobrado à vista, e não em
duas parcelas. E até para participar do leilão será mais
caro. Hoje, é exigida uma caução de 1% do valor da
outorga. A ideia é elevar para até 10%, mas há uma
controvérsia jurídica no governo sobre se esse limite
teria de ser 5%, como prevê a Lei de Licitações. Assim,
ficou acertado ontem que caberá ao ministro das
Comunicações fixar o valor da caução em cada edital. Se
o teto será de 5% ou 10%, é algo que Bernardo espera ver
esclarecido em breve.
As concessões de rádio deverão ganhar mais
velocidade, pois passarão a ser outorgadas pelo ministro
das Comunicações, e não mais pelo presidente da
República. Este assinará apenas as concessões de TV
comercial.
O ministro disse ainda ser contra a participação de
políticos nessas outorgas, mas afirmou que o decreto não
incluiu nenhuma restrição em relação a isso. "Precisamos
de leis que definam isso, que num decreto ficaria
frágil", concluiu.