Máquinas dominando humanos.
Pensar nesta hipótese pode
parecer absurdo? Com vários
filmes e séries de ficção
científica que mostram as
inúmeras possibilidades de
controle tecnológico e o avanço
da ciência no mundo real, a
resposta para essa pergunta
talvez seja: não. De certa
forma, aprendemos a respeitar e
temer uma revolução robótica
que, apesar de parecer distante
da nossa atualidade, gera
inúmeras perguntas na mente do
ser humano.
Enquanto muitos pesquisadores da
área da ciência da computação
discordam sobre o caminho que as
máquinas percorrerão, alguns
cientistas dizem que a nossa
relação com elas provavelmente
será harmoniosa, e não assassina
- como na franquia
cinematográfica "O Exterminador
do Futuro".
Mas, como você acabou de ler,
provavelmente teremos um
relacionamento amigável com
esses aparelhos robóticos, pois
há uma série de cenários que vão
contra essa sugestão e poderiam
levar a uma situação na qual os
seres não biológicos teriam um
único objetivo: o de nos
exterminar.
A Skynet pode sim virar
realidade
Segundo o professor de ciência
da computação da Universidade de
Massachusetts, Shlomo
Zilberstein, hoje já existe
tecnologia suficiente para
construir um sistema que,
intencionalmente ou não, poderia
destruir todo o planeta caso
detectasse as condições
adequadas. Logo, para que isso
não aconteça, Zilberstein afirma
ao site New Scientist que a
abordagem principal é não
desenvolver programas que possam
ser perigosos a ponto de sair
fora de controle.
Por mais fictício que pareça,
acredite: algo como a Skynet - a
rede de defesa computadorizada
da franquia cinematográfica "O
Exterminador do Futuro" que
decide acabar com a humanidade -
já pode ser construída. A
questão é: por que um sistema
dessa natureza ainda não existe?
Fácil: porque nações com armas
nucleares, como os Estados
Unidos, por exemplo, não
gostariam de atribuir nenhuma
responsabilidade de controle aos
computadores, ou seja, eles não
querem correr o risco de
acontecer uma falha no sistema.
Para quem não assistiu aos
filmes, em "O Exterminador do
Futuro" os militares criam o
programa Skynet com o objetivo
de reduzir o erro humano e a
lentidão de resposta em caso de
um ataque contra os EUA. Quando
os controladores humanos
percebem o perigo representado
pela Skynet, tentam desligá-la
imediatamente. O problema é que
a rede interpreta o ato como uma
ameaça à sua existência e, para
combater seu "inimigo", o
programa lança um ataque nuclear
mundial - o dia do "juízo
final", como os personagens
chamam na trama. Após a morte de
bilhões de pessoas, a Skynet
passa a construir fábricas que
criam exércitos de robôs
superinteligentes para eliminar
o que restou da humanidade.
Na vida real, já foi
concedido, em menor escala, um
elevado grau de autonomia a
algumas máquinas. "E se ocorrer
um erro computacional? Ninguém
quer correr esse risco. Porém, o
número de sistemas robóticos que
podem realmente puxar o gatilho
de forma autônoma já está
crescendo", declarou Zilberstein.
No entanto, o cientista acredita
que alguns guardas poderiam
impedir que um sistema autômato
ameaçasse mais pessoas do que
ele é projetado para fazer (no
controle das fronteiras do país,
por exemplo). Além disso, nada
impede que sistemas possam ser
programados com a capacidade de
fazer grandes decisões
estratégicas da mesma maneira
que a Skynet, mas com certas
limitações.
"Todos os sistemas que estamos
propensos a construir no futuro
terão habilidades específicas.
Eles terão a capacidade de
monitorar a região e talvez até
atirar em algum obstáculo, mas
de forma alguma vão substituir
os humanos", disse Zilberstein.
Robôs superiores aos seres
humanos
Se por um lado o pesquisador
Shlomo Zilberstein é otimista,
Michael Dyer, um cientista da
computação da Universidade da
Califórnia, já não vê a relação
homem x máquina com bons olhos.
Ele acredita que, algum dia, os
seres humanos serão substituídos
pelas máquinas, e o pior: que
essa transição pode não ser nada
pacífica.
O progresso contínuo na pesquisa
de inteligência artificial vai
tornar os robôs tão inteligentes
quanto nós nos próximos cem
anos. "Civilizações avançadas
chegarão a um ponto de
inteligência suficiente para
compreender como o seu cérebro é
feito, e então construir versões
sintéticas de si mesmas", prevê
Dyer. Isso seria causado pelo
próprio ser humano através de
tentativas biotecnológicas para
conseguir a própria imortalidade
- e essa oportunidade de "não
morrer" pode ser demais para a
humanidade suportar.
Dyer sugere, por exemplo, que
uma nova corrida armamentista do
sistema robótico poderia
resultar em total descontrole.
"No caso da guerra, por
definição, o lado inimigo não
tem controle dos robôs que estão
tentando matá-los". Nesse caso,
assim como a Skynet, as armas
eletrônicas podem se voltar
contra os fabricantes. Ou, em um
outro exemplo, uma situação de
super dependência dos robôs
também pode sair do controle:
caso uma fábrica controlada por
robôs receba uma ordem (humana)
para desligar suas operações, os
robôs podem se recusar aos
comandos e, assim, desencadear
uma guerra.
É claro que todo este cenário
hollywoodiano pode parecer uma
verdadeira fantasia, ou até
mesmo assustar você. Mas o fato
é que a motivação do lucro às
empresas certamente gerou mais
automação robótica, e nem sempre
é a racionalidade quem ganha
essa batalha.
"Cenários apocalípticos são
muito fáceis de se criar, e eu
não descartaria esse tipo de
possibilidade. Mas,
pessoalmente, não estou
preocupado", afirma Shlomo
Zilberstein. E você, está
preocupado, ansioso ou
amedrontado com o (possível)
futuro que nos espera?
Olhar Digital