Calor e vida
Cartões de memória, pendrives e discos de estado sólido são muito práticos e
rápidos, mas têm seus inconvenientes.
O principal deles é uma vida útil apenas razoável - cerca de 10.000 ciclos de
leitura e escrita.
Mas isto está prestes a mudar.
Pesquisadores da empresa Macronix, de Taiwan, descobriram que basta submeter as
memórias flash a um pulso de calor muito rápido para que sua vida útil dê um
salto.
Rumo à eternidade
Aquecendo rapidamente as memórias a 800ºC, Hang-Ting Lue e seus colegas elevaram
a durabilidade das memórias flash para 100 milhões de ciclos de leitura e
escrita, quatro ordens de grandeza a mais.
E essa marca nem mesmo representa o limite final.
"Nós não sabemos o que poderá eventualmente fazer o dispositivo falhar, uma vez
que nós ainda não detectamos qualquer sinal de fim da vida útil," disse Lue
durante a apresentação da descoberta na reunião anual do IEEE (Instituto de
Engenheiros Elétricos e Eletrônicos, na sigla em inglês).
Os testes para elevar a marca para 1 bilhão de ciclos levarão alguns meses para
serem concluídos, segundo o pesquisador.
Memórias de mudança de fase
O calor já foi usado antes para reviver memórias flash danificadas, mas
deixá-las por horas no forno a 250ºC está longe de ser uma solução prática.
Os pesquisadores taiwaneses fizeram diferente: eles modificaram ligeiramente as
células das memórias flash para que elas se pareçam um pouco mais com asmemórias
PCM, ou memórias de mudança de fase, uma tecnologia vista como uma
substituta mais eficiente das memórias flash.
A própria Macronix já desenvolveu um protótipo de memória
PCM 500 vezes mais rápida do que as memória flash.
Memórias com
autocicatrização
A estrutura modificada gera pulsos de calor de até 800ºC, com duração de alguns
milissegundos, diretamente nas células de memória.
Os pulsos de calor recompõem o sistema de isolamento que permite a manutenção
dos dados gravados em cada bit.
É a perda desse isolamento que faz com que as memórias deixem de funcionar
depois de algumas dezenas de milhares de ciclos de gravação e leitura.
Com esse mecanismo de autocicatrização, os engenheiros ainda não sabem precisar
qual será o tempo de vida esperado das células de memória - só adiantam que será
muito longo.
Inovação Tecnológica