Sons cortantesUma lente comum focaliza a luz em um
ponto.
Mas basta recobri-la com nanotubos de carbono para que ela faça algo
bem mais interessante: converter a luz em um feixe altamente focalizado
de som.
O resultado é um dispositivo capaz de focalizar ondas sonoras de alta
pressão sobre um ponto preciso.
As aplicações são inúmeras, mas a primeira delas está vindo na forma
de um bisturi sônico invisível, que poderá ser usado para fazer
cirurgias internas que dispensem grandes aberturas no corpo do paciente.
Hyoung Won Baac e Jay Guo, da Universidade de Michigan, nos Estados
Unidos, criadores do novo instrumento, lembram que as ondas de luz
concentradas já são usadas em medicina, por exemplo, para quebrar pedras
nos rins ou alvejar tumores da próstata.
Mas esses feixes ainda são "grosseiros" para o padrão das cirurgias,
geralmente na faixa dos centímetros, no máximo vários milímetros.
Efeito optoacústico
O princípio de funcionamento do bisturi sônico - chamado efeito
fotoacústico, ou optoacústico - é bem conhecido, mas até agora ninguém
havia conseguido gerar um sinal sonoro forte o suficiente para que
pudesse ser útil em medicina.
Para isso, os pesquisadores adicionaram ao seu dispositivo a
capacidade de amplificação das ondas sonoras, o que é feito com uma
camada de nanotubos de carbono e outra camada feita com um polímero
conhecido como PDMS (polidimetilsiloxano).
A camada de nanotubos de carbono absorve a luz, gerando calor, que
faz com que a camada de polímero se expanda, amplificando o sinal.