A onda dos híbridos chega no momento em que a Intel e a
Microsoft, por muito tempo as duas líderes do setor de
computadores, se preparam para anunciar resultados, nesta semana
e na seguinte. Wall Street está prevendo pouco ou zero
crescimento na receita das duas empresas, o que expõe os
problemas de um setor que enfrenta dificuldades para inovar.
Em 2013, há quem esteja esperando que isso mude.
Com o lançamento Windows 8, sistema operacional da Microsoft
que foi repaginado e agora opera também com telas de toque, em
outubro, e de chips de menor consumo de energia pela Intel, os
fabricantes de computadores estão tentando promover o
crescimento ao concentrar sua atenção em laptops finos com telas
de toque que podem ser convertidos em tablets, ou vice-versa.
A Microsoft, se expandindo para além de seu negócio
tradicional de venda de software, deve lançar este mês o tablet
"Surface Pro", compatível com o software para computadores que
ela desenvolveu ao longo de décadas.
Esse é um importante argumento de vendas para clientes
empresariais como a produtora alemã de software de gestão SAP,
que planeja comprar o Surface Pro para os funcionários que assim
desejem, disse Oliver Bussmann, vice-presidente de informação da
companhia.
"O modelo híbrido é muito atraente para diversos usuários",
disse Bussmann à Reuters na semana passada. "O iPad não vai
substituir o laptop. É difícil criar conteúdo com ele. Esse é o
nicho que a Microsoft quer ocupar. O Surface tem a capacidade de
preencher essa lacuna".
O iPad da Apple começou a roubar demanda dos laptops em 2010,
um ataque acelerado pelo lançamento do Amazon Kindle Fire e
outros aparelhos equipados com o sistema operacional Google
Android, como o Note, da Samsung Electronics.
Com as vendas de computadores caindo no ano passado pela
primeira vez desde 2001, este ano pode ver um renascimento do
design e da inovação, por parte de fabricantes que antes se
concentravam em reduzir custos, em lugar de em adicionar novos
recursos que atraiam os consumidores.
"As pessoas costumavam chegar à festa e se dar bem só porque
o mercado não parava de crescer", disse Lisa Su, vice-presidente
sênior da Advanced Micro Devices, concorrente da Intel. "Agora é
mais difícil. Não basta ir à festa. É preciso inovar e oferecer
algo especial".
Na feira Consumer Electronics Show, uma semana atrás em Las
Vegas, os aparelhos exibidos pela Intel e outras empresas eram
prova dos planos do setor de computadores de apostar nos laptops
conversíveis.
Gerry Smith, presidente da Lenovo na América do Norte, disse
à Reuters na semana que na temporada de festas sua companhia
esgotou os estoques do "Yoga", um laptop com tela que pode ser
inteiramente dobrada para trás do teclado, e do "ThinkPad
Twist", outro laptop leve com uma tela flexionável.
A Intel mesma mostrou o protótipo de um laptop híbrido
chamado "North Cape", uma tela fina de tablet afixada
magneticamente a um discreto teclado. E a Asus mostrou um
avantajado computador com tela de 18 polegadas e Windows 8 que
também pode funcionar como um tablet acionado pelo Android.
Lenovo e Asus, que receberam críticas positivas aos seus
lançamentos nos últimos meses, registraram crescimento de 14 e
17 por cento em seus embarques de PC no ano passado,
respectivamente, de acordo com a Gartner.
"O número de sistemas únicos que nossos parceiros
desenvolveram para o Windows quase dobrou desde o lançamento.
Isso oferece uma indicação da inovação que vem acontecendo no
mercado de computadores pessoais", disse Tami Reller,
vice-presidente de finanças da divisão Windows da Microsoft, à
Reuters.