Um dos lançamentos mais aguardados do evento TEDGlobal, especializado em novas tecnologias, é a chamada barata-robô, ou "RoboRoach" (em referência a cockroach, barata em inglês).
O inseto ciborgue é uma criação do neurocientista Greg Gage, que afirma que o objetivo da criação dos insetos ciborgues é didática, estimulando estudantes a se interessar por neurociências.
Mas, como a ideia é colocar o kit ciborgue a venda pela internet - o preço sugerido é de US$99,00 - a proposta também está sendo alvo de críticas.
Brincando de neurocientista
Para ser "adaptada", a barata viva recebe uma espécie de mochila, com ligações diretas para os neurônios de suas antenas, que enviam informações para o cérebro por meio de impulsos elétricos.
Segundo Gage, o inseto é submetido então a uma pequena cirurgia com anestesia para conectar os fios às antenas.
Os movimentos dos insetos podem então ser controlados por uma conexão bluetooth, através de um computador ou de um telefone celular.
"Não é apenas um truque. Usamos a mesma técnica empregada para tratar o mal de Parkinson e os implantes cocleares (auditivos)", explica Gage. "O objetivo é criar uma ferramenta para aprender como o cérebro funciona."
O kit de materiais - que inclui as mochilas removíveis, baterias, eletrodos e baratas - destina-se principalmente a escolas do ensino médio.
"É um jeito de entender as propriedades dos neurônios e de aplicar o pensamento crítico à maneira como eles trabalham", diz ele. Segundo o site da empresa, o kit permite que todos se transformem em neurocientistas.
Desconstruindo insetos
Gage afirmou que o lado ético de se trabalhar dessa maneira foi muito debatido, em relação ao tratamento dado às baratas.
"Estamos muito confiantes de que o experimento não provoca dor no inseto e de que as baratas continuam a controlar suas vontades, porque se adaptam muito rapidamente e ignoram o estímulo," diz Gage.
No entanto, a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais no Reino Unido (RSPCA por sua sigla em Inglês), expressou preocupação. "Acreditamos não ser apropriado incentivar crianças desmantelar e desconstruir insetos", disse um porta-voz.
"O fato de um neurocientista estar 'muito seguro' de que não está provocando dor não é suficiente. Há muitos estudos fascinantes envolvendo insetos que podem ajudar as crianças a aprender e que não envolvem danos deliberados aos animais", acrescentou.
Na verdade, Cage parece ter sido o primeiro a querer ganhar dinheiro com a técnica, mas a lista de insetos ciborgues criados por cientistas é longa.
Inovação Tecnológica