Depois de cinco anos de explosão nas vendas de smartphones top de linha nos Estados Unidos e na Europa, a indústria que já movimenta 2 trilhões de dólares deverá migrar para os mercados emergentes, principalmente para a Ásia.
Enquanto subsídios estatais ajudaram a levantar as vendas de aparelhos móveis em mercados maduros, o próximo capítulo do crescimento dessa indústria ocorrerá nos emergentes, onde os consumidores demandam aparelhos e serviços mais baratos.
Este ano, os países em desenvolvimento deverão superar pela primeira vez as nações desenvolvidas em número de usuários de Internet móvel, com crescimento de 27 vezes desde 2007, enquanto os desenvolvidos crescem quatro vezes, de acordo com estimativas da União Internacional de Telecomunicações (ITU, da sigla em inglês).
"O centro gravitacional do ecossistema móvel migrará dos Estados Unidos e da Europa Ocidental para a Ásia", disse Mary Ellen Gordon, diretora da desenvolvedora de aplicativos Flurry, em entrevista por e-mail.
Essa mudança será um desafio para empresas como Apple e Samsung Electronics, que juntas vendem metade dos smartphones do mundo.
A Samsung indicou que seus resultados operacionais do segundo trimestre devem vir abaixo das expectativas, já que a demanda por smartphones top de linha desacelerou. A Apple também está explorando modelos de iPhone mais baratos que vêm em cores diferentes para atingir um segmento mais massificado, afirmaram fontes.
Nenhuma das duas empresas enfrentam crise. Mas, segundo especialistas, muitos usuários em mercados maduros que querem um smartphone já têm um. Os embarques europeus de aparelhos cresceram 12 por cento de janeiro a março na comparação com o mesmo período do ano passado, o mais baixo crescimento desde que a empresa de pesquisa IDC começou a realizar estudos sobre esse mercado, em 2004.
Muitos dos novos usuários de celulares serão da Ásia. A região passará a ter este ano mais usuários de Internet móvel que a Europa e a América juntas, prevê a ITU. E há muito espaço para crescer: de 100 asiáticos, apenas 23 tem Internet móvel, contra 67 na Europa e 48 nas Américas.
A maior parte desse crescimento virá de aparelhos que são até dez vezes mais baratos que aqueles do mundo desenvolvido, com componentes mais simples e acessos mais fáceis às últimas versões do sistema operacional do Google, o Android, disse Frederick Wong, gerente da empresa eFusion Investment.