A start-up brasileira Gauzz quer dar o mesmo poder às lojas físicas tradicionais, implementando sensores que rastreiam por onde os clientes andam e o que fazem quando estão comprando.
O sistema usa sensores para registrar a passagem de qualquer smartphone que esteja com o receptor de wi-fi ligado --mesmo que ele não esteja conectado a uma rede.
Os dados dão origem a estatísticas que permitem ao lojista ver informações como o tempo médio que os clientes passam dentro da loja, qual a seção mais visitada, quantas vezes por semana um consumidor volta, entre outros.
Nos EUA, a Nordstrom, tradicional rede de varejo, testou secretamente por meses um sistema similar. Quando a iniciativa se tornou pública, gerou críticas sobre privacidade.
Para Thiago Balthazar, 25, fundador da Gauzz, as preocupações são infundadas. Ele diz que os dados são anônimos e os roteadores não capturam informações pessoais, apenas uma sequência numérica que identifica o aparelho, mas não seu dono.
"A gente já é rastreado de jeitos muito mais invasivos [...], com câmeras de vídeo, por exemplo", compara Eduardo Gomes, executivo da empresa Semma, que ajudará na implantação do sistema em lojas no país.
Mesmo assim, a Nordstrom anunciou a retirada do sistema poucos dias após a repercussão negativa.
Para evitar polêmicas por aqui, a Gauzz vai oferecer uma opção para quem não quiser ser seguido, mas avisar os clientes sobre a existência da vigilância será função dos lojistas.
O sistema está sendo testado em
um shopping de Sorocaba, interior de
São Paulo. A previsão é que comece
seja vendido para lojas em breve.
Segundo Carlos Affonso de Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, não há regulamentação para o sistema no Brasil.
"A que mais se aproxima é o Código de Defesa do Consumidor, que trata da coleta e do armazenamento de dados pessoais". diz. Elaborado em 1990, contudo, ele não dá conta das novas tecnologias.
Para Souza, a regulamentação pode vir do projeto de Lei Geral sobre Dados Pessoais, mas ele está em consulta pública e ainda nem tramita do Congresso.
Procurado, o Procon-SP disse que estudará a questão antes de dar parecer.
Folha Online