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Internet
avança em Bagdá apesar de bagunça
Nasier Kattan, um empresário de Bagdá, simplesmente não consegue ligar
para casa do Botan Cafe, do qual é sócio. As linhas telefônicas se
recusam a funcionar. Por isso, quando quer falar com a mulher, envia um
email via satélite para o Reino Unido, e de lá a mensagem volta para
Bagdá. "Minha casa fica a três quilômetros do café, mas não
consigo falar com ela. Uso o email para avisar minha mulher de que vou me
atrasar", disse o empresário no Botan, um cibercafé inaugurado este
mês.
O sistema telefônico
local de Bagdá está uma bagunça, com apenas metade das linhas
funcionando e as ligações internacionais cortadas há mais de três
meses, desde a ocupação militar norte-americana. Mas a Internet vem
prosperando. Desde que tropas lideradas pelos Estados Unidos derrubaram o
presidente iraquiano Saddam Hussein, em abril, dezenas de cibercafés
foram abertos em Bagdá, e há outros a caminho. Os proprietários dos café
se conectam via satélite, na ausência de linhas fixas operacionais.
"Essa loja era um
café que servia comida - sanduíches, pizza, peixe e batatas fritas. Isso
antes da guerra", disse Kattan, exibindo um cardápio amarelo
brilhante com uma foto de um hambúrguer na capa. "Depois da guerra,
ninguém mais podia nos impedir de abrir um cibercafé." A Internet não
era inteiramente proibida, sob o regime de Saddam, mas os fregueses dizem
que na prática não era possível usá-la. O email era vigiado, muitos
sites da Web sobre o Iraque eram bloqueados e as salas de bate-papo eram
proibidas.
O acesso doméstico à
Internet era praticamente impossível de obter até alguns meses atrás,
quando as regras foram relaxadas ligeiramente. A maior parte dos cibercafés
eram administrados pelo Estado. "Adoro isso. Temos acesso a tudo.
Podemos conversar online e não há restrições", disse o tradutor
Ahmed Jaf enquanto navegava pela Web no Botan.
Faixas espalhadas pela
capital iraquiana divulgam cibercafés onde por 2 dólares a hora ou menos
os clientes podem navegar pela rede, enviar email, trocar mensagens
instantâneas ou entrar em salas de bate-papo e falar ao microfone com
amigos no exterior.
Reuters
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