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TV
paga ressurge das cinzas e espera crescer
Ano após ano, executivos das empresas de TV por assinatura têm sido
obrigados a justificar crescimento abaixo das expectativas e prejuízos.
Mas no segundo trimestre deste ano, apesar da estagnação econômica, três
das principais companhias do setor tiveram lucro e deixaram de perder
clientes.
Elas ainda estão muito
longe da meta estabelecida no último governo, de chegar a 2003 com 10
milhões de clientes. Hoje há 3,5 milhões de usuários, número que se
mantém praticamente o mesmo desde 2000. "O número de 10 milhões é
absolutamente irrealista. Não sei nem se vamos chegar a 5 milhões em
2004", afirmou à Reuters o gerente-geral da DirecTV, Luiz Eduardo
Baptista. A companhia - parte da DirecTV Latin America, em concordata
preventiva - é a única das grandes do setor que continua a registrar
prejuízo, mas mostra otimismo sobre o futuro.
O movimento de perda de
clientes que a operadora vivenciava há sete meses já aponta mudança.
"Agosto provavelmente deve ter crescimento. Em relação à tendência
passada, é claramente uma reversão", disse. Em março, tinha 417
mil clientes no Brasil, segundo a publicação especializada PayTV.
A Sky, concorrente da
DirecTV no mercado de TV via satélite, é a única que vem conseguindo
ampliar a base de assinantes trimestre a trimestre. Ao final de junho,
tinha 760 mil clientes, com crescimento de 8 por cento em 12 meses. A Net,
maior operadora de TV a cabo do país, manteve a base de 1,318 milhão de
assinantes pagantes em junho, depois de nove trimestres de quedas. A TVA,
concorrente da Net, também preservou os cerca de 290 mil assinantes.
Os presidentes-executivos
das quatro empresas, entrevistados pela Reuters, apontaram razões
semelhantes para esse movimento: melhora no atendimento, mudança de
comportamento do consumidor e regresso à mídia, com anúncios na TV
aberta e outros meios. "Trabalhamos na frente de mídia e passamos a
existir de novo", afirmou o diretor-geral da Net, Francisco Valim,
quando anunciou lucro de R$ 31,5 milhões no segundo trimestre, o primeiro
da história de 9 anos da empresa.
O diretor-presidente da
Sky, Ricardo Miranda, disse mais. "Voltamos para a mídia. A Net e a
TVA também, e isso ajuda todo mundo", disse, salientando que o
consumo por impulso é importante nesse mercado.
O momento de estagnação
econômica do país - que seria naturalmente um cenário hostil para a TV
por assinatura, tratada sempre como supérfluo - pesou menos que a mudança
de comportamento, segundo a superintendente da TVA, Leila Lória.
"Perda de poder aquisitivo como neste semestre não acontecia há
algum tempo, mas no ano passado havia mais incerteza", afirmou.
"Apesar do cenário recessivo, nosso setor não sentiu tanto",
disse. A TVA conseguiu lucro de R$ 7,6 milhões no semestre.
O gerente-geral da
DirecTV alertou que, além de vender mais, houve queda na inadimplência
nos últimos meses. "Houve melhora nas duas pontas. A gente vende 10%
a 15% mais e perde menos 20%", disse. Mas essa mudança de
comportamento que os executivos enxergam nos consumidores ainda está para
ser comprovada. A Net, por exemplo, aposta no crescimento da base de
assinantes trimestre a trimestre.
Todas as empresas apostam
nas mudanças que fizeram nas centrais de atendimento, em estratégias de
fidelização e na flexibilidade dos pacotes de canais. Apenas reduzir os
preços não adiantou, perceberam as empresas depois do fracasso dos
pacotes básicos. "A maioria dos clientes assina o pacote mais
completo. O crescimento da base é na classe média alta", afirmou
Miranda.
Net, Sky e TVA tiveram
receita maior no segundo trimestre, ajudadas pelo aumento dos preços. O
resultado líquido das empresas foi muito favorecido especificamente pelo
câmbio, mas elas esperam continuar registrando lucro operacional com a
conquista de novos clientes.
Reuters
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