|
Como o
soro da verdade funciona?
A expressão soro da verdade faz mais referência ao efeito que se procura com
seu uso do que a uma substância específica, já que muitas substâncias químicas
diferentes foram utilizadas como soro da verdade ao longo da história. São
muitos os exemplos: pantotal sódico, amital sódico, amobarbital sódico,
sodiopentathol, LSD (ácido lisérgico) e inclusive o ecstasy.
O mesmo efeito é procurado com
a utilização de todas estas substâncias: desinibir o indivíduo e retirar
qualquer barreira moral e ética, deixando-o indefeso para que responda a
qualquer pergunta sem nenhum tipo de restrição.
Alguns defendem que este
procedimento viola os direitos naturais e adquiridos do preso como o direito à
liberdade de confissão. A Anistia Internacional sustenta que o emprego de
drogas da verdade com propósitos de espionagem pode violar tratados
internacionais e a Convenção contra a Tortura.
O mais importante é que, do
ponto de vista científico, o soro da verdade não é totalmente confiável.
Trata-se de um meio inadequado para obter uma confissão objetiva e verdadeira,
pois algumas pessoas podem dissimular a realidade mesmo sob os efeitos dessas
drogas. Além disso, outras vezes, pode manifestar-se como fatos consumados
coisas que, na realidade, são desejos reprimidos ou sonhos fantásticos que
saem à luz justamente devido ao efeito das drogas e que o indivíduo vive como
reais.
O soro da verdade é procurado
há decênios. As primeiras referências a estes efeitos desinibidores são
encontradas no ano de 1936 quando o Dr. Horsleuy inicia a narcoterapia
utilizando o pentotal sódico EV lento que, ao ser injetado, provoca estado de
semi sonolência, momento no qual a terapia podia iniciar já que o pentotal
apagava as habituais barreiras inibitórias que todos possuímos. Daí veio o
nome de soro da verdade.
Num âmbito completamente
diferente, o militar, os especialistas americanos em espionagem, sabendo que os
submetidos a torturas podiam simplesmente dizer ao interrogador o que este
queria ouvir, procuravam ansiosamente um soro da verdade para extrair informações
verídicas.
Em 1942, o Escritório de Serviços
Estratégicos, organização antecessora à Agência Central de Inteligência
dos Estados Unidos (CIA), pediu aos cientistas que desenvolvessem uma substância
química que pudesse acabar com as defesas psicológicas dos espiões inimigos e
dos prisioneiros de guerra. Após experimentar diversos compostos como soro da
verdade, os cientistas selecionaram um potente extrato de maconha, que recebeu o
nome codificado de TD (Truth Drug, droga da verdade em inglês). Posteriormente,
a CIA usou como soro da verdade o LSD (ácido lisérgico) durante a Guerra Fria,
enquanto, no âmbito público, propagava-se sua utilidade psicoterapêutica e lúdica.
O uso do LSD não se mostrou útil já que não se podia garantir que o indivíduo
ficasse realmente liberado de suas defesas. Depois de numerosas provas e erros,
a CIA descartou essa substância e concluíram que seria mais eficiente empregar
o LSD como ajuda para o interrogatório, ameaçando os suspeitos com a
possibilidade de deixá-los loucos ou com alucinações permanentes a menos que
aceitassem falar. Ainda que escassamente, o LSD foi utilizado com esta função
desde meados dos anos 50.
O ectasy (metilenodioximetanfetamina
ou MDMA) também foi utilizado como soro da verdade por parte dos
norte-americanos nos anos 50. A substância tinha sido descoberta anteriormente
pelos químicos alemães Mannish e Jacobson, que a sintetizaram em 1910. Dois
anos depois, a companhia Merck a patenteou como redutor de apetite, mas nunca
chegou a ser comercializada. Os efeitos psicoativos só foram descritos, pela
primeira vez, em 1957 e a droga chegou às ruas para consumo nos anos sessenta.
Redação
Terra
|
|