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Polícia de Minas Gerais vasculha internet
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A Dercife/MG (Delegacia de Repressão ao Crime Informático e às Fraudes Eletrônicas
de Minas Gerais) instaurou 119 inquéritos em 2003. Desse total, 15% são crimes
relacionados com a internet.
Criada em novembro de 1998, a unidade investiga delitos que vão do estelionato
com cartões clonados à pirataria de CDs.
Dos cibercrimes que passam pela delegacia, a maioria envolve pedofilia e difamação.
"Mas as questões relativas à pornografia infantil estão crescendo de
forma muito rápida", afirma o delegado-titular da unidade, William Leroy.
Crescimento, nesse caso, significa que denúncias e informações sobre
pedofilia na rede estão chegando com maior frequência à delegacia --e
continuam a ser o principal ponto de partida das investigações.
Como só denúncias não bastam, a delegacia mantém dois funcionários plugados
dia e noite na internet. Os detetives virtuais vasculham salas de bate-papo e
sites suspeitos em busca de sinais de pedofilia.
A Dercife/MG trabalha com programas de rastreamento específicos, para
identificação de rotas de e-mails e mensagens eletrônicas. As ferramentas, no
entanto, são mantidas em sigilo.
Quando as redes de pedofilia são acionadas a partir de terminais públicos ou
cibercafés, a caçada fica mais difícil, diz Leroy. "O provedor tem de
ter aparato necessário para armazenar e prestar informações [sobre usuários].
Isso às vezes não acontece e é um problema sério."
O cerco aos criminosos esbarra ainda na falta de infra-estrutura da delegacia.
"Não há orçamento que possa dar suporte às mudanças no mundo
virtual", afirma o delegado-titular.
Outra dificuldade é o acesso aos grupos fechados de discussão, nos quais o
fluxo de pornografia infantil é menos controlado. "Só conseguimos esses
acessos quando temos referência de alguém de dentro [dos grupos]. É uma questão
que precisamos avançar mais."
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