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Internet
não é segura, diz um de seus inventores
A Internet é útil, mas não de todo segura, porque ninguém pode
garantir em 100% a proteção da vida privada ou de direitos autorais,
segundo o físico Robert Cailliau, considerado como um dos pais da Rede.
Segundo explicou
Cailliau na abertura de um "festival cibernético" por ocasião
da Cúpula da Sociedade da Informação, que começa amanhã em Genebra,
"a maioria do tempo os usuários de Internet confiam (na rede) seus
dados pessoais, que se armazenam em servidores cuja localização
precisa é desconhecida". "Quem pode garantir que essas
informações privadas estão protegidas? Cada qual parte da hipótese
de que os administradores da rede são gente honesta", comenta
Caillou, que se disse cético sobre a segurança da assinatura eletrônica.
"Nos propõem
confiá-los na pessoa que projetou o software cifrado, mas este poderia
introduzir uma função capaz de transmitir uma série de dados a um
serviço de informação sem que notássemos nada", diz o
cientista. Para Cailliau só há duas respostas possíveis a tudo isso:
a primeira seria o "ataque paranóico": assim, por exemplo, os
pedófilos tentam evitar conectar-se com outros URL (identificadores de
recursos no espaço de Internet). "Por não existir vínculo algum,
os mecanismos de busca como o Google não encontram nada. De forma que só
há um círculo muito restrito de pessoas capazes de localizá-lo",
acrescenta.
Só com uma operação
policial física pode-se desmantelar então uma rede desse tipo, afirma
o cientista, segundo o qual pela mesma razão os Estados repressivos não
poderão nunca evitar a expressão de uma dissidência pela Internet.
"Por isso não entendo a resistência dos Estados Unidos em deixar
que seja uma agência da ONU que administre a rede em lugar da empresa
(privada americana) ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and
Numbers), com base na Califórnia", afirma.
Muitos países em
desenvolvimento como Brasil, China, Índia e Argentina propõem que seja
um organismo intergovernamental que se encarregue da rede em benefício
de uma maior transparência democrática.
EFE
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