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Plantas podem agir como
computadores, diz pesquisa
Philip Ball
Nature
As plantas parecem "pensar", segundo pesquisadores
americanos, que dizem que elas realizam uma forma de computação para
solução de problemas.
David Peak e colegas da Universidade Estadual de Utah, em Logan,
disseram que as plantas podem regular seu absorção e perda de gases
por "computação distribuída" -um tipo de processamento de
informação que envolve a comunicação entre muitas unidades que
interagem.
É o mesmo tipo de matemática que é amplamente considerado a forma
que regula a maneira como as formigas coletam alimentos. Os sinais que
cada formiga envia para outras formigas, deixando trilhas químicas
por exemplo, permitem que a comunidade de formigas como um todo
encontre as fontes mais abundantes de alimentos.
Isto pode não soar muito com o que um computador faz, mas é. Na
computação distribuída, a troca de sinais entre os componentes do
sistema define o processo para solução de um problema.
Os pesquisadores agora estão explorando a possibilidade do uso de
computação distribuída com enxames de robôs simples para realização
de tarefas, como revistar uma paisagem, mais eficientemente do que um
único robô mais sofisticado seria capaz.
Alguns cientistas até mesmo acham que a computação distribuída é
fundamental na forma como o mundo funciona. Em seu livro, "A New
Kind of Science" (um novo tipo de ciência), o matemático
Stephen Wolfram argumenta que as leis da física podem derivar de
unidades de matéria, espaço e tempo interagindo umas com as outras
segundo regras simples. Ele mostrou que o chamado autômato celular
-"partículas" simples, programáveis para alternar entre
estados diferentes dependendo do estado de seus vizinhos- pode imitar
computadores.
Peak e seus colegas dizem que o modelo do autômato celular pode
explicar a forma como as plantas regulam sua absorção de dióxido de
carbono (CO2), que usam para fotossíntese, e sua perda de vapor de água.
As folhas possuem aberturas chamadas estomas que se abrem para
permitir a entrada do CO2, mas se fecham para impedir que precioso
vapor de água escape. As plantas tentam regular seus estomas para
absorver o máximo de CO2 possível perdendo a mínima quantidade possível
de água. Mas elas são limitadas em quão bem podem fazer isto: as
folhas geralmente são divididas em áreas onde os estomas estão
abertos ou fechados, o que reduz a eficiência na absorção do CO2.
Estudando as distribuições destas áreas de estomas abertos e
fechados nas folhas da planta carrapicho, Peak e colegas descobriram
padrões específicos que lembravam computação distribuída. Áreas
de estomas abertos e fechados às vezes se movem pela folha em
velocidade constante, por exemplo.
A estatística do tamanho destas áreas, e os tempos de espera entre a
aparição de áreas sucessivas, são as mesmas do modelo de autômato
celular, disseram os pesquisadores. O estoma individual da folha
parece agir como um computador simples, respondendo ao que os estomas
vizinhos estão fazendo.
Os pesquisadores acham que a transitoriedade das áreas pode ser o preço
que a planta paga para uma forma simples e razoavelmente eficiente de
computação. É um sinal da planta "pensando" enquanto
deduz a melhor solução para o problema de quanto abrir seus estomas.
Tradução: George El Khouri Andolfato
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