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Balada sexy
Quer fazer uma festa diferente? Tente motel, drive-in ou bares
de shows eróticos. Em São Paulo, é moda
Dolores Orosco
Cama elástica, piscina
com toboágua, teto solar, pista de dança e quatro fliperamas. Estes são
alguns dos serviços oferecidos nos sete ambientes do apartamento
Nagoya, o mais luxuoso do motel Harmony, em São Paulo. Além de casais
em clima de romance, a suíte costuma receber até 200 pessoas em noites
especiais. Mas não se trata de nenhuma festa do cabide ou orgia
coletiva. Motéis, drive-ins, bares de strip- tease e inferninhos do
centro paulistano tornaram-se opções de balada original
(e sensual) para quem quer surpreender os convidados até na hora de dar
o endereço da festa. E vale tudo: desde a comemoração do aniversário
até a confraternização do “pessoal da firma”.
O empresário Alexandre
Porcelli, 23 anos, sempre gostou de ouvir os amigos lhe cantarem o parabéns
em lugares inusitados. Este ano a festa aconteceu no Harmony. “Quando
mandei os convites, as pessoas me ligavam para perguntar se seria um
bacanal. Então eu explicava que a festa era em um motel, mas era de família”,
brinca Porcelli. Segundo Alberto Miranda, proprietário do lugar, as
festas no Nagoya costumam mesmo ser bem comportadas. “Por ser em um
motel, fica todo mundo meio tímido. Mas no final, sempre tem gente que
conhece alguém interessante e aluga uma outra suíte para uma festinha
a dois”, revela.
Nos quatro andares com
decoração oriental, os convidados se divertem a seu modo, tal qual
numa casa noturna. As duas camas (uma delas com colchão d’água)
costumam funcionar como lounge para quem quer relaxar e conversar
enquanto toma uma bebida. O diferencial é a cama que fica suspensa no
teto presa a correntes e pode ser colocada no meio da pista de dança
por um mecanismo comandado da cabine do DJ. “Quando a festa comeca a
ferver, a cama desce”, conta Miranda. Outro ponto alto da noite são
as cenas protagonizadas pelos mais afoitos que mergulham na piscina. Mas
o preço da diversão é salgado: R$ 35 por convidado, sem incluir os
serviços do DJ e o staff da festa. Apenas as bebidas.
Se o bolso não banca o
motel, o negócio é procurar um drive-in. E a solução também vale
para as baladas. O Super Drive-in, no bairro da Barra Funda, também
anda servindo de cenário para festas. As mais recentes foram as dos 17
anos da revista Trip e a organizada pelos estudantes da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU). “O pessoal monta a pista no meio
do drive-in e os boxes em que os clientes passam o pernoite viram lounge,
bar e lanchonete”, conta Wagner Gary Escalante, proprietário do
lugar. O aluguel do espaço – para mil convidados – sai por R$ 4
mil. “O vantajoso é que esses eventos revitalizaram o drive-in. Tem
quem venha para as festas e depois acaba virando freguês”, afirma
Escalante.
Se a idéia é estar em
uma festa onde a luxúria está no ar, a boate
Love Story é a opção dos famosos. O lugar, que fica no centro
paulistano, abre as portas no meio da madrugada e é frequentado
por garotas de programa que geralmente aparecem por lá para se
divertir depois do expediente. “Elas vêm para se distrair. São bem
recebidas como qualquer cliente”, conta João Tiago de Freitas, o
“tio João”, gerente da casa há 12 anos.
“Aqui a balada não
tem hora para acabar e o clima é amigo”, diz a secretária Darya
Gloria Darrigo, 18 anos. Segundo Freitas, além de
jovens arrumadinhos e endinheirados (os mauricinhos e as patricinhas),
já se esbaldaram na pista de dança celebridades como a atriz Luana
Piovani, a cantora Bebel Gilberto, o jogador Ronaldo e colunáveis como
Álvaro Garnero e João Paulo Diniz. “Aqui eles se sentem em casa e
ninguém fica pedindo autógrafo”, explica.
E os mais moderninhos
(ou “insiders”, termo que eles usam para se diferenciar dos demais
mortais) aderiram à idéia da sexy party (festa sexy). O bar Executivo,
conhecido por realizar shows de strip-tease no centro de São Paulo, é
um dos locais que abrigam a balada mensal de música eletrônica Horny
Bunny (coelho com tesão, em tradução livre).
Da cabine do DJ o som é o electro, daquele bem parecido com
o pancadão carioca. Os frequentadores da noite seguem a rigor
o traje proposto pelos organizadores da festa. O visual mistura referências
dos anos 70 e 80, cheias de brilho, cabelos escovados
estilo As panteras e maquiagem forte. Não faltam meias-arrastão,
scarpins coloridos ou tênis de cano alto. A empolgação com a balada
é tanta que alguns desfilam pelo Executivo com as palavras horny bunny
pintadas com canetinhas hidrográficas no corpo. Para divulgar a festa,
os promoters possuem uma lista com os e-mails da turminha deles – os
insiders –, que inclui o povo da moda, jornalistas e artistas plásticos.
“Tudo bem sexy”, diz o flyer-e-mail.
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