Argentina inaugura museu da dívida externa

Três anos depois de ser palco da pior crise de dívida externa na história moderna, a Argentina inaugurou nesta quinta-feira o que pode ser o primeiro Museu da Dívida Externa. O objetivo é mostrar ao povo os riscos de pedir dinheiro emprestado no exterior.

O tema é pesado, mas os criadores do museu tentaram manter o ambiente leve e as exibições acessíveis para todos, principalmente para as crianças em idade escolar.

Em um canto, uma cozinha do tamanho de uma casa de bonecas representa as receitas do Fundo Monetário Internacional (FMI), responsabilizado pelos argentinos por encorajar os pesados empréstimos nos anos 1990 que levaram ao catastrófico colapso econômico no final de 2001.

"Escolhemos uma cozinha de brinquedo porque somos sempre tão inocentes e acreditamos em receitas mágicas do exterior", disse o projetista do museu, Eduardo Lopez. "Olhe, abrimos o freezer e o forno e não há comida".

Mas o museu, erguido no departamento de economia da Universidade de Buenos Aires, não fala apenas sobre a última crise da dívida: volta no tempo, para o primeiro calote do país, no começo dos anos 1800, e faz um relatório detalhado dos últimos 30 anos, período em que a dívida externa do país aumentou como uma bola de neve.

Os visitantes também podem procurar dentro de um "buraco negro" esponjoso - o local onde todo aquele dinheiro emprestado teria ido parar.

"O que eu mais gostei foi do buraco negro, com tudo o que a dívida engoliu - a educação, as famílias, os empregos", disse Fabian Jader, 34 anos, visitante na noite de abertura. "Eu tenho raiva e sinto pena das pessoas, mas acima de tudo me sinto desamparado."

A economia da Argentina conseguiu se recuperar nos últimos dois anos e o país caminha para acabar sua inadimplência de cerca de US$ 100 bilhões em dívida externa. Mas 40% da população da nação que já foi rica ainda vive abaixo da linha da pobreza, muitos no cinturão industrial ao redor de Buenos Aires.

"As pessoas não sabem absolutamente nada sobre como acumulamos toda essa dívida, elas conhecem apenas a miséria que vêem ultimamente", disse o diretor do museu Simon Pristupin, que teve a idéia em 2001.
 
Reuters

 

 
 

Arquivo de Notícias>> clic

mais noticias... clic

      


E-mail

Copyright© 1996/2005 - Netmarket  Internet  Brasil -   Todos os direitos reservados

Home