Internet Futebol Clube
Como no futebol, a internet brasileira perde
talentos para o exterior, impactando de forma negativa o
mercado
Nem só de Ronaldinhos, Kakás e Robinhos vive a fama brasileira no
exterior. Se o mercado local aos poucos começa a notar, lá fora
os profissionais brasileiros de internet já fazem sucesso há
tempos.
A exposição internacional iniciou: 2 Grand Prix em Cannes na
categoria Cyber, diversos anos seguidos liderando ou ficando em
segundo lugar na lista de mais premiados, sucesso repetido em
diversos outros festivais mundo afora.
A qualidade do trabalho não decepcionou: mais e mais,
designers e programadores brasileiros trabalhando para clientes
internacionais, entregando criatividade, qualidade e preço.
A realidade local não ajudou: demora em compreender a
necessidade da nova mídia, falta de investimento e empresas com
oportunidades de trabalho, sem nem entrar nas questões de
criminalidade urbana, etc.
O resultado? Um êxodo de profissionais para o exterior que
vem esvaziando o mercado brasileiro de seus talentos até quase
secar a fonte. Exatamente como no futebol.
Nomes não faltam. Sem querer fazer a injustiça de não citar
um monte de gente, mas já fazendo, perdemos PJ, Fábio Costa,
Mauro Cavalletti, Luciana Bordallo, Mauro Alencar, Gui Borchert,
Paulo Sanna. Fefa Romano embarcando no sábado e mais uma pá de
gente carimbando o passaporte.
O que eu posso falar contra a experiência internacional?
Nada. Eu mesmo já brinquei disso, mais no começo da carreira.
Morar fora, experimentar outra realidade, aprender novas
culturas, nova língua, tudo isso é extraordinário e
recomendável.
A tristeza, ou constatação, é ver um mercado que começa a dar
sinais de vida real e forte e, nessa hora, se vê ‘despido’ de
tanta gente e tanto talento legal.
Na hora em que a coisa esquenta, na hora das verbas sérias,
do investimento pesado, na hora que a brincadeira começa
finalmente a ficar divertida, faltam os cabelos brancos, os
carecas, a turma pré-bolha, gente experiente enfim.
Reclamar pra quê? Sem essa turma mais experiente, melhor pra
quem fica. O mercado fica menos competitivo, sobra espaço para
novas agências, mais clientes vem bater na nossa porta, vamos
dominar, oba!
Oba? Que nada. Que chato. Mercado vazio não graça nenhuma.
Fazer gol em time desfalcado não vale. E depois do jogo, com
quem é que a gente vai bater papo no bar?
Pra quem está pensando, pros que estão de malas prontas e pra
galera que já foi: curtam bastante, divirtam-se, “arrebentem” lá
fora. Mas voltem logo, assim que puder.
Dizer que o mercado brasileiro é uma realidade cada vez mais
fantástica e que a gente precisa de todo o talento pra
arrebentar, talvez seja muito lugar comum, sem sentido, falso,
sei lá?
O que é preciso dizer é que vocês fazem mesmo falta e isso
aqui fica muito sem graça sem vocês.
Um beijo, Michel. [Webinsider]