Mercado negro de licenças para internet cafés floresce na
China
da BBC Brasil
Licenças para operar cafés que oferecem acesso à internet são
revendidas ilegalmente na China. O comércio floresce desde
março, quando o governo proibiu a emissão de novas permissões.
Proprietários desse tipo de estabelecimento perceberam que
podem fazer mais dinheiro vendendo o negócio do que propriamente
administrando-o. Segundo a agência de notícias Xinhua, uma autorização pode
ser revendida por milhares de vezes o valor originalmente pago
por um trâmite burocrático desses.
"Hoje em dia uma licença deve valer até mais de um milhão de
yuans (R$ 246 mil)", diz Yang, ex-dono de internet café em
Xangai, que vendeu o direito de operação do negócio por 350 mil
yuans (R$ 86 mil) há quatro anos.
O comprador do internet-café de Yang revendeu o negócio por
mais de 500 mil yuans (R$ 123 mil) no ano passado e o atual
proprietário não revela detalhes sobre o atual valor do
estabelecimento.
De acordo com dados do Ministério da Informação e Indústria,
em março existiam na China por volta de 113 mil cybercafés
atendendo a uma população de milhões de internautas.
Apenas no ano passado, o número de usuários de internet
aumentou em 30%, chegando a 132 milhões em dezembro, de acordo
com o Centro de Informação da Rede Internet (Internet Network
Information Centre).
Autoridades reconhecem o problema do comércio ilegal de
licenças por preços inflacionados, mas admitem que não têm como
controlar esse tipo de especulação, pois se trata de um acordo
feito entre terceiras partes.
O governo não possui estatísticas sobre revenda de licenças
comerciais. Em março, o governo suspendeu a liberação de novas licenças
sob o argumento de que a internet é nociva aos jovens, depois
que inúmeros casos de dependência do uso da rede ganharam
destaque na mídia nacional.
Na China é proibida a entrada de menores de 18 anos em
internet cafés e lanhouses. O vício da internet e, principalmente, de jogos eletrônicos,
é um problema no pais, onde existem clínicas especializadas
nesse tipo de doença.
Os tratamentos são semelhantes aos aplicados em pacientes
viciados em drogas pesadas e incluem reclusão e choques
elétricos. Mas apesar da maior parte da sociedade ver com bons olhos as
medidas do governo para proteger a juventude do vício, críticos
questionam se a proibição dos cybercafés não teria por objetivo
censurar e dificultar o maior acesso à informação.
O governo admite que investe em monitoramento on line e
bloqueia o acesso a sites que contêm assuntos politicamente
"delicados". É o caso, por exemplo, de páginas que fazem referência ao
Massacre da Praça da Paz Celestial, que criticam o partido
comunista ou que reivindicam direitos separatistas ao Tibet.
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