PARIS - Seu celular pode ser um dos
últimos pontos do mundo a se manter
relativamente livre de publicidade.
Mas não por muito tempo. Empresas de
mídia e publicidade encontraram uma
forma de ganhar acesso aos celulares das
pessoas por meio da transmissão de
anúncios pelo sistema Bluetooth, a mesma
tecnologia usada por alguns dos sistemas
de viva-voz para celulares.
Eis como funciona o método: quando o
usuário está localizado a menos de 10
metros de um outdoor, vitrine ou
bilheteria de casa de espetáculo que
contenha um sistema Bluetooth ativo, ele
pode ser convidado a ligar a função
Bluetooth de seu celular para receber um
arquivo --uma canção, um vídeo ou uma
oferta de cupons de desconto.
Se você estiver passeando pelo Champs
Elysees, por exemplo, não se surpreenda
caso um dia a luxuosa Lancome, usando
essa tecnologia, fizer um convite para
experimentar seu mais novo perfume, em
uma loja próxima.
Você também pode receber clipes
publicitários da Coca-Cola ou um trailer
do filme de animação "Happy Feet", da
Warner Bros.
"O celular é o aparelho eletrônico
que as pessoas carregam quase todo o
tempo, de modo que representa
oportunidade boa demais para que as
empresas de mídia e anunciantes
desperdicem", disse Nick Jones, analista
do setor de tecnologia sem fio no grupo
de pesquisa Gartner.
Mas as operadoras de telefonia móvel
não estão demonstrando grande entusiasmo
pelo marketing via Bluetooth, já que ele
tem custo zero para os usuários e em
muitos casos não gera receita adicional
para elas. Em lugar disso, operadoras de
telefonia móvel como a Orange favorecem
uma tecnologia rival chamada Code 2D -ou
QR (quick response codes).
Esses códigos de barras, que já estão
em uso no Japão, são lidos pelas câmeras
dos celulares e enviam o usuário
diretamente a uma página na Web. O
acesso ao site requer assinatura a uma
conexão de Internet sem fio no celular,
pela qual os usuários em geral precisam
pagar.
"O Bluetooth não responde a todas as
nossas necessidades de marketing móvel",
disse Jean-Noel Tronc, que comanda a
Orange Mobile na França, em entrevista
por telefone à Reuters. "Para nós, o
Code 2D é bem melhor."