SÃO PAULO - A Positivo faz mistério, mas
nos próximos meses terá nas mãos novos
produtos.
A maior fabricante brasileira de
computadores - acima das americanas HP e
Dell - anunciou nesta terça-feira a
produção de decodificadores (set-top box)
de TV digital a partir de novembro, na
Zona Franca de Manaus, e a compra de uma
fábrica de monitores de cristal líquido
(LCD) na Bahia, em um esforço de
diversificação de receitas e corte de
custos.
Segundo a companhia, o monitor
representa 30 por cento do valor dos
insumos de um PC e a fabricação própria
a partir da compra da fábrica --por 8,1
milhões de reais e com capacidade para
20 mil unidades por mês-- trará uma
economia de 7 por cento em relação ao
custo de aquisição do produto de
terceiros.
Mas planos maiores podem vir adiante.
O presidente da Positivo, Hélio
Rotenberg, evita responder se a Positivo
lançará televisores digitais no futuro.
Ao mesmo tempo, o executivo não descarta
essa possibilidade.
"Tem muita coisa que a gente vai
aprendendo (com os monitores). Sabemos
fazer set-top box e de TVs estamos muito
próximos (com a compra da fábrica)",
afirmou ele à Reuters, por telefone.
Rotenberg frisou que, por enquanto,
os planos são de produção de monitores,
e que a fábrica comprada na Bahia tem
condições de fazer telas de vários
tamanhos.
SET-TOP BOX
A Positivo, que possui uma área de
conteúdo educacional, vendendo portais
online a escolas, não vê diferença entre
um computador e um decodificador de TV
digital que poderá ser conectado à
Internet.
"A convergência digital é uma
realidade. Um set-top box é um
computador, ele processa um sinal e
devolve outro. A TV digital nos
interessa como um todo, incluindo
conteúdo e interatividade", disse
Rotenberg.
As primeiras transmissões comerciais
de TV digital do país estão previstas
para começar em São Paulo no início de
dezembro.
Rotenberg evitou dizer que tipo de
recursos o set-top box da Positivo terá,
mas não negou eventual conexão com os
serviços de conteúdo educacional do
grupo. A empresa passou dois a três anos
estudando a entrada no segmento de
decodificadores, disse o executivo,
acrescentando que o projeto foi
desenvolvido internamente.
Ele não fez previsões de vendas de
PCs pela Positivo para o ano, mas
informou que a companhia está de olho na
licitação de compra de 90 mil
computadores que o Ministério da
Educação realizará no final deste mês.
"Pretendemos ganhar com certeza", disse.
Em agosto, a empresa venceu licitação
para entrega de 54 mil PCs para o
Ministério das Comunicações.
A Positivo anunciou ainda nesta
terça-feira que passará a montar em
novembro placas-mãe de computadores em
sua fábrica em Curitiba, no Paraná. O
projeto envolve investimento de 4,6
milhões de reais e a capacidade será de
44 mil placas mensais.
As ações da companhia operavam em
alta de cerca de 3 por cento no início
da tarde, enquanto o principal índice da
Bolsa de Valores de São Paulo recuava
1,4 por cento.