|
Orkut deixa Google
'sob fogo cruzado' no Brasil, diz jornal
Uma reportagem do prestigiado diário
financeiro The Wall Street Journal afirma que o site de relacionamentos
Orkut está deixando sua controladora, Google Inc, sob o fogo cruzado no
Brasil. A reportagem relata as acusações de que a Google faz pouco para
combater crimes como racismo e pedofilia no Orkut, um dia depois de a
Google Inc anunciar um lucro de US$ 1 bilhão no último trimestre - um
aumento de 46% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O site, com 25 milhões de perfis registrados, surpreendeu a Google ao
virar uma coqueluche no país. Mas o sucesso trouxe dois "efeitos
colaterais": a multiplicação de comunidades de conteúdo racista,
ofensivo e mesmo criminoso, e o desafio de gerar receitas em um ambiente
de forte desconfiança de anunciantes.
"Quando a Google tentou colocar anúncios no site, entrou em
problemas. Críticos no Brasil divulgaram um relatório mostrando anúncios
do Orkut ao lado de fotografias de crianças desnudas e animais sendo
abusados", descreve o texto. "A Google suspendeu imediatamente os
anúncios, mas a companhia de Mountain View, na Califórnia, ainda está
lutando contra a campanha dos críticos do Orkut."
Segundo a reportagem, o Orkut registra tantos casos de pedofilia e
crimes online quanto qualquer outro site semelhante - mas ainda assim
grandes anunciantes como Diageo estão deixando de anunciar nas suas
páginas. "O Orkut é uma caixa de Pandora", diz na matéria um porta-voz
da multinacional do setor publicitário McCann Erickson, ouvido pelo
jornal.
No pior caso, a Google enfrenta acusações criminais na Justiça de São
Paulo por se recusar a fornecer dados de seus usuários requisitados pela
polícia. O braço da Google no Brasil reconhece que "cometeu o erro de
não dedicar recursos suficientes para entender a cultura e o país onde
seu site se tornou popular". "O produto cresceu mais rápido que o
suporte", disse o diretor da Google no Brasil, Alexandre Honagen, para
quem a estratégia de gerenciamento do Orkut no Brasil seria "feita de
forma diferente", se fosse iniciada hoje.
Esse problema é maior no exterior do que nos Estados Unidos, diz o
WSJ, porque no país norte-americano as leis de privacidade na Internet e
de liberdade de expressão são "relativamente bem desenvolvidas".
BBC Brasil |