SALVADOR - Um cidadão de Manaus paga
cerca de 1.600% a mais pelo uso da
internet do que um morador da Europa ou
dos Estados Unidos.
Tal distorção é causada, entre outros
fatores, pela hegemonia dos americanos
na administração dos domínios concluiu
um painel da 6ª Oficina para a Inclusão
Digital, que ocorre em Salvador até
quinta-feira (29).
Segundo Carlos Seabra, diretor de
Tecnologia e Projetos do Instituto de
Pesquisas e Projetos Sociais e
Tecnológicos (Ipso), é necessário o
engajamento da população para que o
acesso à rede mundial de computadores
seja democratizado.
“Quanto mais pobre o país, mais as
pessoas pagam, e dentro do país também
existem diferenças”, ressaltou. “A
população que está sendo incluída
digitalmente precisa entender o que se
passa política e economicamente para
termos uma cidadania participativa.”
“As pessoas devem ter mais
consciência do que está por trás da
inclusão digital. Temos de entrar nas
discussões de governança de forma
pesada”, declarou Seabra. “Se um país
como Ruanda quer se conectar à internet,
tem que pagar um dinheirão, ao passo que
a Austrália, quando vai se conectar,
paga muito menos, porque eles têm um
poder de negociação maior com os Estados
Unidos”, disse.
No debate, também foram apresentados
indicadores do uso da internet no
Brasil. Para Seabra, a internet pelo
celular pode se converter em uma maneira
de ampliar o acesso à rede mundial de
computadores. “Percebemos o crescimento
do uso da internet por celular, nas
classes A, B e também nas C e D.
Discutimos, então, um jeito de
democratizar a gestão das redes digitais
em todo o planeta”, afirmou Seabra.
A neutralidade na transmissão de
dados também foi foco das discussões.
Segundo Seabra, há provedores de acesso,
no Brasil, que reconhecem quando o
usuário está no site do concorrente e,
por isso, torna a conexão mais lenta
para aquela página.