Reuters
NOVA YORK - Postar blogs de casa e
responder mensagens fora do
escritório está criando dúvidas
trabalhistas.
Será que um funcionário deve ser
pago por ler uma mensagem em seu
BlackBerry durante um jantar, enviar
um e-mail para o escritório ou
postar um texto em seu blog
profissional a partir de casa?
Uma disputa que surgiu
recentemente na ABC News quanto ao
pagamento a redatores para que
respondam a mensagens recebidas em
seus BlackBerry fora do expediente
serviu para destacar a questão.
A disputa marca o primeiro de um
dilúvio de casos não resolvidos e
potencialmente conflituosos que
surgirão nos Estados Unidos, dizem
especialistas.
A crescente capacidade técnica de
trabalhar longe do escritório,
combinada ao crescimento no número
de disputas trabalhistas, está
suscitando "muitas questões de
pequena escala como essa", disse
John Thompson, especialista em leis
trabalhistas no escritório de
advocacia Fisher & Phillips, em
Atlanta.
"Nunca havíamos visto nada
parecido. A simples questão de
definir o que constitui trabalho é
praticamente infinita", acrescentou.
"Isso trará à tona toda espécie de
problemas que ninguém havia
considerado até agora."
Na ABC, a rede de televisão
propôs que três novos redatores não
fossem pagos por verificar mensagens
em seus BlackBerry fora do horário
de trabalho. O sindicato dos
redatores, o Writers Guild of
America, East, objetou.
"Simplesmente conferir uma
mensagem em um BlackBerry não é o
que nos preocupa", disse Lowell
Peterson, diretor-executivo do
sindicato. "Nossos membros são
profissionais. Não vão começar a
cobrar hora extra por 21 minutos de
atenção."
"Nossa preocupação é que não
desejamos que isso se torne um
grande compromisso de trabalho pelo
qual as pessoas não sejam pagas",
ponderou.
A questão não é tanto responder
uma breve mensagem em um BlackBerry,
mas a capacidade de escrever
artigos, postar em blogs, preparar
documentos, pesquisar na Internet ou
assinar contratos em um pequeno
aparelho portátil, dizem os
especialistas.
"A tecnologia continuará a
avançar nessa direção", afirmou
Peterson. "É importante que deixemos
nossa posição clara. Não vamos
trabalhar 24 horas por dia sem
pagamento."