da New Scientist
Seres humanos são criaturas de hábitos, como
um apartamento tecnológico bem sabe. Uma casa
cheia de sensores da Universidade do Estado de
Washington, por exemplo, pode aprender o estilo
de vida de seus habitantes simplesmente
observando como eles andam por ela e usam os
diferentes objetos.
A tecnologia é usada para dar apoio a pessoas
com dificuldades cognitivas e necessidades
especiais no dia-a-dia. Ou simplesmente para
deixar a vida de todos mais fácil.
O apartamento pode, por exemplo, reconhecer
quando uma pessoa está realizando ações
associadas a preparar o café da manhã. Se ela
esquecer o fogo ligado, o sistema pode detectar
o problema e avisar com sinais de áudio e vídeo.
A equipe da professora Diane Cook,
especializada em inteligência artificial,
desenvolveu um sistema computacional --chamado
"Casas"-- que analisa os resultados dos
sensores.
A estudante de graduação de origem iraniana
Parisa Rashidi aperfeiçoou o sistema de modo que
ele pudesse aprender os hábitos de uma pessoa
até mesmo sem padrões previamente estabelecidos.
As pesquisadoras já testaram com sucesso o
sistema em um apartamento com um único residente
no campus. Mas foi necessário cerca de um mês
para que o Casas conseguisse aprender os hábitos
do morador, filtrando-os a partir do mar de
informações dos sensores, diz Rashidi.
Depois disso, no entanto, o sistema pode
identificar situações tão complexas como a luz
da cozinha acender às 6h, a cafeteira ou a
torradeira ligar, sem qualquer conhecimento
prévio do que esperar.
Em vez de câmeras de vídeo ou microfones para
captar áudio, os sensores do Casas detectam
movimento, temperatura, luz, umidade, água,
contato com portas e o uso de itens-chave, como
potes de remédios e eletrodomésticos.
Desta maneira, o reconhecimento das
atividades é mais difícil. Pelo menos, isso
aparentemente livraria os pesquisadores da
possível acusação de criar uma espécie de "Big
Brother", como no universo descrito no livro
"1984". A obra, de George Orwell, retratou uma
sociedade totalitária em que o Estado seria
onipresente e observa a todos.