Dez anos atrás o então presidente do Federal Reserve, o banco central americano, Alan Greenspan, critiva a "exuberância irracional" das empresas ponto com. Praticamente qualquer lançamento de ações era bem sucedido. Milionários surgiam da noite para o dia. O dinheiro irrigava a internet baseado não nos balanços - quase sempre no vermelho -, mas no futuro, quase sempre distante. Até o dia em que a bolha se esvaziou.
Analistas e investidores de capital de risco afirmam que a crise de tecnologia ensinou uma lição aparentemente simples, que havia se perdido em meio ao furor: vendas e lucros, ou pelo menos uma perspectiva de lucro, importam.
Hoje, o índice Nasdaq ainda permanece abaixo da metade de sua máxima de março de 2000, e muitas das empresas mais importantes da época, como IBM, HP e Microsoft, passaram a negociar ações de forma mais tradicional, com base em seus fundamentos.
Encontrar ações com forte perspectiva de crescimento, as empresas do futuro, se tornou mais difícil, segundo investidores. O Google foi uma das poucas exceções dos últimos anos.
"Ações de tecnologia eram vistas como especiais e diferentes, uma indústria que iria crescer rapidamente e sustentaria precificações extremamente altas", disse à agência Reuters o gerente de portfólio da T. Rowe Price, Ken Allen. "Aprendemos muito sobre os erros dessa lógica. Ações de tecnologia, em geral, são comparáveis a qualquer outro tipo de ação".
Ações de importantes marcas do setor prosperaram na última década, incluindo empresas como Apple, Amazon.com e Research in Motion, cujos produtos marcaram a indústria. Google e Salesforce.com, que abriram seu capital em 2004, viram suas ações se valorizarem em mais de quatro vezes.
Mas muitas das principais empresas do setor nunca chegaram perto de recuperar sua glória do passado. Os papéis de empresas como Cisco Systems, Yahoo e Intel registraram quedas de mais de 50% desde 2000.
A relação entre o lucro das empresas e o preço das ações diminuiu bastante na última década, uma vez que investimentos no setor de tecnologia se tornaram mais "racionais", segundo o analista Jeffrey Lin, da gestora de recursos TCW Group.
No início de 2000, a relação entre o lucro da Microsoft e o preço de suas ações era de mais de 70 vezes, enquanto hoje é de apenas 16 vezes. Já com a IBM, o número era de 30 vezes em 2000 e está em 13 vezes hoje."Tenho um bom pressentimento para as ações de tecnologia nesta década, porque não temos um vento contrário de precificações como tivemos há dez anos", disse Lin. Mas ele estimou que ainda deve demorar uns sete ou oito anos até o índice Nasdaq recuperar e superar a máxima de março de 2000.
Com informações da Reuters.