Segundo ativistas, graças à internet nunca foi tão fácil comercializar qualquer coisa - desde filhotes de leão a peles de urso polar - em sites de leilões e salas de conversa na internet.
Várias propostas para restringir o comércio de espécies em perigo foram derrotadas durante o encontro da Cites, que reúne 175 países. Ainda nesta semana, os representantes dos países vão votar mudanças no comércio do marfim.
Efeito da rede
Cientistas afirmam que a internet está tornando o
comércio internacional ilegal de espécies protegidas
mais fácil do que nunca, disse a enviada especial da
BBC ao encontro de Doha Stephanie Hancock.
Milhares de espécies em perigo são comercializadas regularmente pela internet, com compradores e vendedores tirando vantagem do anonimato da rede e do grande mercado global que ela oferece.
"A internet está se tornando o fator dominante no comércio global das espécies em perigo", disse Paul Todd, do Fundo Internacional para o Bem-estar Animal, segundo a agência de notícias Associated Press.
Ativistas e responsáveis por monitorar o comércio ilegal afirmam que é quase impossível estimar o tamanho do problema, mas afirmam que tudo - desde bebês de leões até vinho feito com ossos de tigres - já foram comercializados online.
Eles afirmam que os Estados Unidos são o maior mercado, mas que Europa, China, Rússia e Austrália também desempenham importante papel. Os cientistas que tentam obter maior proteção para as espécies em perigo já sofreram algumas decepções em Doha, afirma Hancock.
No domingo, delegados votaram por proibir totalmente o comércio internacional de um raro tipo de salamandra pintada, encontrada apenas no Irã, que segundo o WWF, Fundo Mundial para a Vida Selvagem, foi devastada pelo comércio na internet.
Mas outras tentativas de proibir o comércio de ursos polares, atum-rabilho e raros corais fracassaram no encontro em Doha. Uma proposta dos Estados Unidos e da Suécia para regular o comércio dos corais rosa e vermelho - usados na fabricação de caras joias e amplamente vendidos na internet - foi derrotada.
Os delegados derrubaram a proposta alegando preocupação com os efeitos dos restritivos regulamentos sobre comunidades pesqueiras pobres.