Paula Rothman, de INFO Online
SÃO PAULO - Parceria entre universidades dos Estados Unidos e do Qatar cria "Hala", a recepcionista robô que poderá traduzir não só a linguagem mas também interpretar as nuances culturais dos interlocutores.
Chamada de "roboceptionist", ela é bilíngüe e bicultural, fruto de três anos de pesquisas e de um fundo de US$1 milhão da Qatar National Research Foundation para avanços na interação homem-máquina.
A equipe de pesquisa é liderada por Majd Sakr, professor da Universidade Carnegie Mellon, no Qatar, cujos cientistas serão responsáveis pela inovação robótica; já a Universidade do Arizona irá fornecer a tecnologia de linguagem necessária para que a Hala funcione.
O robô bicultural não somente consegue alternar sua fala de inglês para árabe, mas também ativa simultaneamente os dois modos para lidar com ambigüidades culturais e mal-entendidos.
Os pesquisadores explicam que isso é importante porque mesmo que um árabe fale e inglês, por exemplo, ele ainda terá a bagagem cultural do muno árabe, e não americano. A frase "week after week” (semana após semana), por exemplo, em inglês tem o sentido de “toda semana”. Em alguns dialetos árabes, no entanto, a frase pode significa “semana sim, semana não”.
Se o computador está simultaneamente funcionando em dois modos “culturais”, poderá detectar estes possíveis problemas e pedir a um dos interlocutores esclarecimentos sobre o que quis dizer.
Além disso, a bagagem cultura não afeta somente a sintaxe e a semântica, mas também a estrutura da interação – desde saudações usadas para começar e encerrar uma conversa até o que são consideradas boas maneiras.
Na cultura americana, por exemplo, é comum saudar uma pessoa e ir direto ao assunto do encontro. Na cultura árabe, no entanto, falar de negócios logo após o cumprimento é considerado falta de educação.
O robô ainda está em fase de testes e desenvolvimento, mas os pesquisadores esperam configurar a Hala para que ela ajuste suas respostas baseadas em cada interlocutor.