Fundado em uma garagem californiana, o Google deixou de ser, em menos de 15 anos, um simples buscador da internet para se tornar uma multinacional tecnológica cujos interesses navegam muito além dos conteúdos das páginas da web. Este gigante do Vale do Silício conquistou seu público graças à diversificação de sua atividade econômica em setores como telecomunicações, energia e automobilismo, e tudo aponta que, em breve, novos horizontes se somarão a esta empresa em expansão.
Na raiz de seu crescimento está sua grande capacidade de processar informação através da rede de banco de dados, o autêntico coração da internet, que só rivaliza com empresas como Microsoft. Um dos pilares que permitiu criar a "navegação em nuvem" e dar origem a todos os serviços que surgiram ao redor do buscador, senha de identidade da companhia, e que pouco a pouco roubaram protagonismo. Assim nasceram, por exemplo, o e-mail Gmail, o sistema de GPS Google Maps, a cartografia em imagens do Google Earth, o acesso na internet a fundos documentais bibliográficos digitalizados e o mais recente Índice de Preços Google (IPG), uma versão web do IPC que ainda se encontra em fase experimental.
Do mundo virtual, o Google deu um salto em 2007 na fabricação de software para o crescente mercado da telefonia celular com o sistema operacional Android, cuja presença se generalizou já em dispositivos portáteis de nova geração como os "tablets" informáticos que competem com o iPad da Apple.
O trabalho de seus engenheiros, em colaboração com especialistas em robótica, os levou a criar seu protótipo de carro com piloto automático capaz de guiar com o uso dos mapas do Google e que foi aprovado com sucesso na Califórnia este ano.
O automóvel percorreu esse Estado de ponta a ponta e realizou mais de 225 mil quilômetros sem motorista, embora sempre sob supervisão e em situações de circulação apropriadas, por isso sua aplicação real ainda está remota. "É um indício do que pode ser o futuro do transporte graças à informática avançada", disse o engenheiro de software, Sebastian Thrun, no blog do Google.
Os veículos não tripulados podem ajudar a reduzir os acidentes de trânsito e a realizar uma condução mais eficiente do ponto de vista energético, uma ideia que segue a filosofia "verde" do Google com a qual tenta combater a poluição produzida por dezenas de bancos de dados.
Segundo um estudo realizado em 2007, da consultoria Gartner, o setor das tecnologias de informação gera 2% das emissões globais de dióxido de carbono e estima-se que, em 2010, os bancos de dados consumirão 3% da energia dos EUA. Este é um contexto no qual o Google é uma peça chave e consciente dos desafios ambientais que estabelecem seus negócios.
Com a ideia de reduzir suas emissões, os executivos do Google buscaram soluções variadas, como a pouco ortodoxa de alugar cerca de 200 cabras, em 2009, para cortar o gramado dos terrenos da empresa em sua sede californiana, e a mais arrojada, de instalar seus novos bancos de dados em lugares de clima fresco.
Dessa forma, aproveitam o ar externo para refrigerar o grande número de computadores que funcionam 24 horas no lugar de custosos e poluentes sistemas de ar condicionado, uma política seguida por outras empresas de seu setor.
O Google, que conta com uma divisão de negócios destinada a atividades ambientais, anunciou na segunda-feira que fechou um acordo para investir na implantação de uma rede de usinas de vento no litoral de Nova Jersey. Uma instalação pioneira no país que, depois de concluída, poderá gerar energia eólica capaz de fornecer eletricidade "limpa" a quase 2 milhões de lares.
Agencia EFE