Daniel Favero
O aumento contínuo de pessoas se conectando a internet está esgotando o número de Protocolos de Internet (IPs) - que servem para identificar cada terminal conectado à rede mundial de computadores - disponíveis. De acordo com o Gerente Recursos de Numeração do Núcleo de Informação e Comunicação do Ponto Br (Nic.br), Ricardo Patara, isso pode influenciar o crescimento da internet. Esse foi um dos temas debatidos na 16ª reunião do Grupo de Trabalho em Segurança de Redes realizado nessa sexta-feira, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
"Com o fim do número de IPs disponíveis, a internet não vai parar, vai continuar funcionando, mas isso vai dificultar o crescimento. Com o número de endereços limitados, o acesso vai ficar mais caro porque vai exigir mais tecnologia de tradução de endereços (para permitir o compartilhamento de um mesmo IP por mais de um usuário), além de gerar volume maior de dados", explica Patara.
Segundo ele, o compartilhamento desses protocolos pode dificultar até a segurança na rede. "Ficaria mais difícil de se identificar quem usou aquele IP. As empresa que fornecem serviços de internet teriam que registrar o movimento de cada um desses usuários, o que geraria um volume muito maior de dados demandando uma operação e tempo maiores", explica.
O engenheiro de projetos do NIC.br, Antonio M. Moreiras, prevê que a tecnologia atual, o IPV4, deve se esgotar até o começo de 2011. "Não diria que é preocupante, mas as pessoas precisam entender que se trata de uma mudança estrutural para o crescimento da internet". Segundo ele, a mudança é semelhante ao que ocorreu com a inclusão de um novo dígito nos prefixos telefônicos.
Moreiras diz que a nova tecnologia que será implantada, o IPV6, não é tão nova, foi criada em 1998. "Ela está sendo implantada devagar na internet... mas ainda está em tempo. Os provedores têm que começar a implantar, o quanto antes, o IPV6". Segundo ele, não se trata de uma troca, mas sim de um recurso que funcionará paralelamente com a antiga tecnologia, o IPV4.
A preocupação existe desde 1993, quando a rede passou a ter um uso mais comercial, mas medidas paliativas e soluções tecnológicas evitaram um fim rápido. O IPV6 permitirá um número muito maior de IPs, 18.446.744.073.709.551.616, quando a tecnologia atual, o IPV4, permite apenas 4.294.967.296 endereços.
Redação Terra