O primeiro deles é a necessidade de um regime
regulatório transparente e previsível, mas a redução da
tributação também é citada, bem como a importância de um
mapa nítido de alocação do espectro eletromagnético. "O
enfoque regulatório brasileiro não é ruim, mas
consideramos que há abusos em alguns casos", avalia o
diretor da GSMA para a América Latina, Sebastian Cabello.
"As regras municipais para a instalação de antenas é um
exemplo de norma que impede o avanço do serviço", aponta
o executivo.
Segundo ele, o Brasil é o campeão da
região na cobrança de altos impostos no setor.
"Logicamente, isso também significa preços maiores sendo
cobrados aos usuários brasileiros. É mais caro que
praticamente qualquer país latino", acrescenta.
Mas o maior atraso, na opinião de Cabello, é a
indefinição das autoridades brasileiras quanto ao
destino do dividendo digital da faixa de 700 megahertz
(MHz), que atualmente é utilizada para a transmissão
analógica de TV. Enquanto países da região como Uruguai,
Argentina, Peru, Colômbia e México já definiram a
destinação do espectro para a telefonia de quarta
geração (4G), o Brasil resolveu esperar até o chamado "apagão
analógico", em 2016, para regulamentar o novo uso da
faixa.
"O Brasil foi a principal liderança no continente
para a implantação da TV digital, inclusive levando com
sucesso o padrão brasileiro para os demais países. Mas o
adiamento da decisão sobre os 700 MHz foi na contramão
desse avanço", critica o executivo. Por esses motivos, a
evolução do setor em países vizinhos passou a ser mais
rápida.
Em 2008, o chamado Índice de Prontidão de Banda Larga
Móvel (IPBLN) do Brasil era o maior da América Latina.
Mas em 2010 os brasileiros já tinham sido ultrapassados
pela Argentina e pelo Chile, que assumiu a liderança
desse ranking. "O Brasil ainda é exemplo no setor em
diversos sentidos para os demais países latinos, mas em
outros está ficando para trás", conclui Cabellos.