Membros do grupo ciberativista Anonymous executam
nesta semana a operação #OpWeeksPayment, ou semana
de pagamento, em que um site de banco vem sendo
derrubado a cada dia. Em entrevista ao
Terra,
por e-mail, os hackers explicam que a intenção dos
ataques é fazer que os objetivos do movimento
Anonymous cheguem "ao conhecimento de todo o País".
A semana, escolhida em função do pagamento de
salários da maioria das empresas, já presenciou a
saída dos sites do
Itaú, do
Bradesco e do
Branco do Brasil do ar.
"Nosso
principal objetivo é incentivar a grande massa a
lutar pelos seus direitos para poder viver num País
com menos desigualdades", afirmam os ciberativistas
em relação às metas do Anonymous. Eles explicam que
até então se focavam em ataques a sites do governo,
mas que a maioria das pessoas não se importava se
uma página oficial era hackeada. "Nos movimentos
'Caras Pintadas', 'Diretas Já', entre outros que já
ocorreram no país, as pessoas saíam às ruas para
manifestar. Eles se limitavam a pichar apenas muros
de órgãos públicos? Por que nós vamos nos limitar a
isso?", questionam.
Para ampliar o alcance de suas mensagens, a
tática foi atingir a classe média, uma vez que
"causando dor de cabeça neles, 'pelo amor ou pela
dor' o movimento chegará ao conhecimento de todo o
país". "A grande massa não possui acesso a internet,
tampouco sabe o que são 'hackers'", justificam.
Os ataques que acontecem nesta semana fazem parte
de uma agenda maior, explica o grupo, e o calendário
de ações foi planejado em novembro de 2011. Na
operação #OpWeeksPayment participam sete pessoas,
com faixa etária entre 25 e 35 anos. Os bancos
escolhidos seriam os "cinco principais bancos
brasileiros".
Sobre a segurança dos dados de clientes, os
ativistas são enfáticos em esclarecer que não têm
intenção de cometer roubos ou desvios. "Nós não
queremos dinheiro!", exclamam, reforçando que os
membros do grupo possuem seus empregos. "Não é da
nossa índole apelar para esse tipo de prática
criminosa", garantem.
Em relação aos sistemas dos bancos, no entanto, a
resposta é evasiva. "Não iremos nos pronunciar",
declaram, observando na sequência que "sistemas 100%
seguros são aqueles fora da tomada". "De nada
adianta tecnologia de ponta se a peça mais fraca do
processo são seres humanos - estes são totalmente
vulneráveis", continuam.
Em resposta às críticas da Federação Brasileira
de Bancos (Febraban), de que os prejudicados com as
ações são os clientes, e não os bancos, o grupo é
taxativo: "não estamos aqui para agradar ninguém".
"Estamos aqui para mostrar ao povo que ele unido tem
força para mudar a atual situação! Acordem! Criem
movimentos, se organizem, coloquem o nome que
quiserem", clama a mensagem. Por fim, o grupo cita
uma série de atos cometidos por militantes durante a
ditadura no Brasil e conclui: "eles queriam viver
num país melhor, bem como nós".