O pulo do gato consiste em criar um dipolo no ouro que seja
igual em intensidade, mas oposto em sinal, ao dipolo no silício.
Quando dipolos positivos e negativos de igual intensidade se
encontram, eles se anulam, e o sistema torna-se invisível.
"Descobrimos que um revestimento de ouro cuidadosamente
projetado modifica drasticamente a resposta óptica do nanofio de
silício," afirma Pengyu Fan, primeiro autor do artigo que
descreve a descoberta. "A absorção da luz no fio cai
ligeiramente - por um fator de apenas quatro -, mas a dispersão
da luz cai 100 vezes devido ao efeito de camuflagem, tornando-se
invisível."
Ou seja, o revestimento de ouro, que é normalmente altamente
reflexivo, é a porção do nanofio que se torna invisível.
Espião invisível
Os experimentos mostraram que a invisibilidade plasmônica é
eficaz em grande parte do espectro de luz visível e que o efeito
funciona independentemente do ângulo de entrada da luz ou do
formato e do posicionamento do nanofio.
O mecanismo também funciona com outros metais em lugar do
ouro, como o alumínio e o cobre, com rendimento semelhante.
Segundo a equipe, esse espião invisível - ele detecta a luz
do exterior, mas a luz que ele próprio emite não pode ser vista
- poderá ter utilidade em áreas como células solares, sensores,
LEDs, lasers semicondutores, entre outras.
Em câmeras digitais e sistemas avançados de imageamento
médico, por exemplo, pixels camuflados plasmonicamente poderão
reduzir o ruído entre pixels vizinhos, que geram imagens
borradas.
"Nós podemos até mesmo imaginar a possibilidade de fazer uma
reengenharia dos aparelhos optoeletrônicos para incorporar novas
funções valiosas e para alcançar densidades de sensores que não
são possíveis hoje," afirmou Mark Brongersma, coautor do estudo.