Pais que checam constantemente seus
smartphones e tablets enquanto estão com
seus filhos talvez os estejam influenciando
a criar uma dependência por dispositivos
digitais, disse o psiquiatra Aric Sigman,
segundo o site
Daily Mail. Ele fala
que a "paternalidade passiva" diante do novo
panorama da mídia também pode ser
considerada uma forma de negligência.
Nesta quarta-feira o Dr. Sigman debaterá com
um grupo de médicos britânicos este vício da
atualidade, que pode causar danos físicos e
mentais a uma geração. Estatísticas recentes
mostram que adolescentes entre 12 e 15 anos
de idade passam em média mais de seis horas
por dia em frente a telas. Este quadro se
aplica pricipalmente ao que acontece dentro
de casa, e não em relação ao computador
utilizado na escola, por exemplo.
Sigman acredita que a TV deveria ser
"banida" entre as crianças e ser usada com
bastante moderação entre os jovens. O médico
também alerta aos pais que usam a tecnologia
como uma "babá" que tal prática pode gerar
problemas de saúde aos seus filhos.
O trabalho do psiquiatra, assim como
estudos de outros pesquisadores, relacionam
o tempo passado diante de telas com
problemas de saúde que incluem obesidade,
colesterol e pressão altos, sedentarismo e
dificuldades para ler e fazer contas, e
ainda distúrbios do sono e autismo. Alguns
desses problemas podem ser causados
simplesmente pela falta de exercícios ou
dietas inadequadas, outros por mudanças
hormonais ou efeitos na capacidade de
atenção e concentração
Estudos também revelam que a reação do
cérebro a jogos de computadores é similar ao
que se vê em casos de uso de álcool e
drogas. Sigman afirma que dirá o seguinte
durante a conferência anual do Royal College
of Paediatrics and Child Health em Glasgow:
"Muitas crianças e adultos estão abusando do
uso de tecnologias e desenvolveram uma
dependência que não é saudável".
Na opinião do médico, as televisões
deveriam ser retiradas do quartos. Ele
também defende que crianças mais jovens, em
pleno desenvolvimento cerebral, não deveriam
assistir TV de forma alguma. Entre os três e
os sete anos de idade, crianças não deveriam
assistir mais do que uma hora e meia de TV
por dia. Já as crianças mais velhas deveriam
se contentar com somente duas horas diárias
de TV e jogos no computador.
"Um grande número de estudos está
descobrindo que regras criadas pelos pais
para limitar o tempo que os filhos pasam
diante de telas, como retirar a TV do
quarto, tem se mostrado efetivas em reduzir
tal comportamento nas crianças", diz Sigman,
que não é o primeiro a alertar sobre os
perigos da estreita relação que as gerações
mais jovens tem com a tecnologia.
Uma pesquisa da Mental Health Foundation
mostra que a obsessão dos jovens britânicos
com as redes sociais criou uma geração
"Eleanor Rigby" (termo inspirado na canção
de mesmo nome dos Beatles, que fala sobre
pessoas solitárias), afastada da família e
dos amigos.
A pesquisadora britânica Susan Greenfield,
avisou repetidamente sobre o quanto as redes
socias poderiam estar prejudicando o cérebro
infantil, diminuindo a capacidade de
atenção, encorajando as gratificações
instantâneas e fazendo dos jovens indivíduos
mais egocêntricos.
Segundo estudos, o uso constante do
computador também poderia "infantilizar" o
cérebro, tornando o aprendizado uma tarefa
mais difícil.