"O Facebook é basicamente uma empresa de
vigilância. Eu o chamo de 'Stasibook' [em
referência à Stasi, a polícia política da
extinta Alemanha Oriental], porque você está
sempre espionando e delatando seus amigos."
Para Appelbaum, o principal problema é que
empresas como o Facebook e o Skype limitam
propositalmente a segurança e a privacidade de
seus usuários, seja porque lucram com seus dados
ou porque cumprem exigências governamentais.
"Sob pretexto de segurança nacional, são
criadas backdoors nos sistemas [para que os
usuários possam ser rastreados] que podem ser
usadas por outras pessoas. Os usuários estão
sendo colocados em risco pelo próprio governo.
Não deveríamos enfraquecer o sistema por causa
da segurança pública."
Por causa desse acesso governamental aos
dados dos cidadãos, o americano disse que "cada
vez que você liga para seus amigos via Skype,
está colocando-os em risco." "Deveríamos
rejeitar essas empresas que comprometem nossa
segurança e usar outros mecanismos, como os que
permitem ligações encriptadas de ponta a ponta,
trocas de mensagens seguras."
Acostumado à vigilância do governo americano
(desde que foram divulgadas suas ligações com o
WikiLeaks) e às críticas que recebe por conta do
Tor Project (que, por tornar os usuários quase
irrastreáveis, acaba sendo usado também para
venda de drogas e outras atividades ilegais),
Appelbaum tem respostas prontas para os ataques
mais comuns:
"Maus elementos podem usar o Tor assim como
usam celulares, estradas. Censurar a internet
não é a forma de lidar com isso. A causa da
pornografia infantil não é a internet, são as
pessoas que cometem esse crime. Restringir a
privacidade on-line não vai acabar com os
estupradores de crianças".
"Essa é uma decisão que precisamos tomar como
sociedade: é melhor todos estarmos seguros [ao
usarmos tecnologias de comunicação], incluindo
alguns dos vilões, do que ficarmos todos
inseguros. Cada vez que alguém diz que devemos
abrir exceções em direitos fundamentais por
questões de segurança, devemos desafiar essa
noção. A internet mudou a maneira como lidamos
com segurança nacional. Não são apenas os
provedores que podem violar a segurança, mas
qualquer um com US$ 1.000."