Imagens que falamPor mais modernas que nos pareçam,
as tecnologias sempre envelhecem.
Sensação quando foi inventada, no fim do século 19, tudo o
que resta de uma das primeiras gravações de som feita pelo homem
é uma fotografia.
O disco guarda a voz abafada de Emile Berliner, o pai do
gramofone (ou fonógrafo), recitando a poesia "A Luva", de
Friedrich Schiller.
Mas se tudo o que resta do disco é uma fotografia, como é que
sabemos o que há nele?
É que o envelhecimento de uma tecnologia pressupõe o
surgimento de uma nova tecnologia, mais moderna.
E Patrick Feaster e seus colegas da Universidade de Indiana,
nos Estados Unidos, usaram todas as técnicas ao seu alcance para
decodificar o som registrado no disco usando apenas sua
fotografia.
Digitalização
Feaster digitalizou a imagem e processou o arquivo para
"desenrolar" os sulcos do disco.
A surpresa foi que a imagem, registrada em uma revista alemã
impressa em 1890, tinha resolução suficiente para identificar
quase completamente as ondulações dos sulcos, que representam as
ondas sonoras registradas no disco.
O pesquisador então criou um arquivo linear, que lembra um
pouco um clip de áudio moderno, e utilizou um programa
especialmente desenvolvido para ler as ranhuras do disco e
transformá-las em sons.
Embora não tenha conseguido datar precisamente a gravação,
Feaster ainda assim acredita que se trata de um dos primeiros
experimentos com o gramofone, uma inovação que viria maravilhar
toda uma geração.
"Há 25 bibliotecas no mundo que têm esse exemplar [da revista
Über Land und Meer], o que o torna extremamente raro. Mas nós
fizemos o que nenhuma delas consegue fazer: tocamos o disco
novamente," comemorou ele.
Recentemente, outra equipe
reconstruiu as primeiras gravações de som da história, mas a
partir de disco reais, guardados no Museu Smithsoniano.