O Coursera é a maior, mas não a única iniciativa do tipo. Das dez melhores universidades do mundo segundo o ranking Times Higher Education, todas têm conteúdo gratuito on-line. Delas, seis têm disciplinas inteiras.
O site edX.org reúne a Universidade Harvard, o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a Universidade da Califórnia em Berkeley e a Universidade do Texas com esse mesmo propósito.
A ideia de boa educação superior ao alcance de todos ganhou corpo em 2012 com o conceito de Mooc, sigla que em inglês significa "cursos abertos on-line em massa".
Também entra nesse grupo o iTunes U, iniciativa da Apple que permite baixar, no iTunes, palestras e seminários universitários, de graça.
INDEPENDÊNCIA
"A principal diferença entre os meus alunos da universidade e os on-line é a independência", diz Sinnott-Armstrong à Folha, por telefone. "Como minha disciplina na web possui um fórum, sinto que posso sentar e apenas vê-los se ajudarem."
Estudioso da epistemologia, ramo da filosofia que investiga a origem e a natureza do conhecimento, ele oferece a disciplina Pense Novamente: Como Raciocinar e Argumentar, a maior em número de alunos no Coursera, lançado em abril.
As universidades americanas não foram as únicas a abrir seus cursos na internet. Escolher aulas oferecidas por instituições de outras partes do mundo é, também, uma forma de ter contato com as respectivas culturas.
A Escola Federal Politécnica de Lausanne (Suíça), presente no Coursera, oferece uma disciplina completa em francês.
Outro exemplo é a disciplina Uma Nova História para uma Nova China, oferecida em inglês pela Universidade de Hong Kong.
No iTunes U, cinco instituições lusas, incluindo a renomada Universidade de Coimbra, têm vídeos de palestras e seminários em português.
EXATAS X HUMANAS
Nas maiores plataformas de Mooc que existem atualmente, há prevalência de cursos das carreiras de exatas. Vários fatores podem explicar esse fenômeno.
"Estudantes de exatas têm naturalmente mais contato com línguas estrangeiras", diz Pollyana Mustaro, doutora em educação pela USP. Com aulas em inglês, estar acostumado ao idioma é essencial, argumenta.
Já Sinnott-Armstrong especula três motivos para haver mais cursos de exatas.
Primeiro, alunos de áreas como ciência da computação estão mais acostumados ao uso de tecnologia. Segundo, é mais fácil aplicar provas on-line com respostas mensuráveis que pedir textos ao aluno, situação comum em humanas. Terceiro, vários cursos de humanas se baseiam em debates em sala de aula.