Num congresso promovido por operadoras de telefonia, Talmon Marco é uma espécie de Darth Vader. Seguidamente atacado pelos palestrantes, não fica longe de ser chamado de ladrão.
Ele criou o Viber, um dos mais populares aplicativos de mensagens e voz para celulares. Seu programa utiliza a internet fornecida pelas operadoras para oferecer serviços que as operadoras também prestam. Com uma diferença: o Viber é gratuito.
"Chamamos representantes de várias OTTs [over-the-top, jargão de telefonia que denomina empresas como o Viber]", disse Michael O'Hara, executivo-chefe de marketing da associação de teles, dirigindo-se a Marco. "Apenas você topou falar. Parabéns."
Em resposta, Marco defendeu que as teles cooperem com empresas com a sua em vez de atacá-las.
"Os consumidores querem inovação", afirmou. "E as teles estão em desvantagem quando se fala em inovação."
Marco chamou a atenção para a história dos SMS, principal serviço canibalizado por sua empresa. Idealizada em 1982, a tecnologia das mensagens entrou em operação dez anos depois. E, passadas mais duas décadas, continua sendo exatamente igual.
"Para as teles, diferenciar-se significa trabalhar com caras como nós", disse.
Ele argumentou que empresas como a sua facilitam a vida dos consumidores, que podem comprar planos das operadoras olhando apenas o preço e a quantidade de dados que poderão trafegar.
Seu aplicativo foi desenvolvido há pouco mais de dois anos."Era um software que criamos para alguns amigos. Esses amigos o passaram a outros amigos, que o deram a outros. Hoje, temos 175 milhões de amigos."
Marco trabalhou quatro anos nas forças militares de Israel, de onde comanda a operação do Viber com seu sócio, Igor Magazinik. Desenvolveu o programa em Belarus e faz pouco caso dos desenvolvedores de tecnologia da Califórnia, berço de gigantes como a Apple e o Google.
Folha Online