O desdém realça o conflito de geração com o pai, Paulo André Luz, 32, para quem a TV desempenhou um papel central na infância.
"Ele e os colegas ficam quase todo o tempo no quarto, assistindo TV no computador", diz Paulo André.
Quando não está jogando videogames, Mateus gosta de consumir toneladas de conteúdo relacionado a isso.
São vídeos sobre games –partidas, campeonatos, tutoriais, dicas profissionais ou apenas jogadas despretensiosas. Não raro o conteúdo é transmitido ao vivo, para milhares ou até mesmo milhões de espectadores simultâneos.
A final do torneio mundial de "League of Legends", game multijogador de luta em equipes, um dos games on-line mais populares do mundo, foi transmitida ao vivo em outubro, para 32 milhões de telespectadores, por meio de vários serviços de streaming.
O número é o triplo da quantidade de pessoas que assistiram ao episódio final da premiada série "Breaking Bad" e bate com folga os 13 milhões de espectadores que viram a final do campeonato de beisebol de 2013 nos EUA.
Importante lembrar que os americanos jogam a modalidade há 150 anos, e "League of Legends" saiu em 2009.
"As pessoas estão assistindo a todos os tipos de conteúdo sobre videogames", disse Yusuf Mehdi, diretor de estratégia e marketing do Xbox One, console da Microsoft. "Está rivalizando com a TV."
Os preferidos de Mateus são vídeos sobre games com foco humorístico, que é o foco de quase todos os grandes canais brasileiros sobre jogos no YouTube.
Pelo Twitch.tv, plataforma especializada em streaming de jogos, passam 5 milhões de espectadores por dia. Os números chamaram a atenção da Microsoft e da Sony, que integraram o serviço ao Xbox One e ao PlayStation 4, tornando mais fácil a transmissão on-line dos jogos diretamente dos consoles.
E Mateus já avisou sobre o que o faria retornar para a sala: "Só quando você comprar uma TV que acessa a internet", disse para o pai.
Folha Online