Pactos
de morte pela Internet assustam
japoneses
O caso está sendo chamado pela imprensa
japonesa de "pacto de morte pela
Internet". Na semana passada, a polícia
encontrou os corpos de quatro mulheres e
de um homem, em um apartamento na
periferia de Kioto, no Japão. O suicídio
teria sido acertado por meio da
Internet, e não seria o primeiro. De
acordo com o jornal italiano La
Repubblica, as vítimas foram duas
jovens de 18 e 21 anos de idade, uma
estudante - provavelmente menor de idade
- e outra mulher referida apenas como
"desempregada". O homem, de
aparentes 30 anos, seria o dono do
apartamento.
A mãe da estudante, que havia
desaparecido há vários dias de sua
casa em Gunma, a cerca de 10 quilômetros
de Kioto, se deu conta do que estava
ocorrendo depois de revistar os e-mails
da filha e encontrar quatro mensagens e
o endereço do homem que ofereceu o
apartamento para a última fase do
pacto. "Eu faço isso terminar
porque vejo somente escuridão no futuro
deste mundo", estava escrito em uma
carta digitada no computador do dono do
apartamento.
O que assusta as autoridades
japonesas é que, pelo menos desde
fevereiro, têm sido encontradas cartas
com mais ou menos o mesmo tom, a maioria
escrita por adolescentes e até mesmo
crianças, de várias cidades do país -
o número de suicídios no Japão é
pelo menos duas vezes maior do que, por
exemplo, nos Estados Unidos.
E essa estatística ganha espaço na
Internet: já foram encontrados vários
endereços "especializados" em
oferecer as melhores técnicas para uma
"doce morte". No topo das
preferências está a utilização de
monóxido de carbono, técnica usada no
apartamento de Kioto e, um mês antes,
por três jovens que se mataram em um
carro em Tsu Mie - e também por um
empregado de uma empresa em crise que
percorreu 300 quilômetros para o
derradeiro encontro com dois
companheiros encontrados na Internet (um
nutricionista decepcionado com o amor e
um universitário, de acordo com o La
Repubblica) nos arredores de Tóquio.
Em outro caso, um jovem de Osaka e
uma garota de Kitakyushu foram
convencidos, depois de vários e-mails
enviados por uma mulher desempregada de
Furukawa, a colocar fim em suas vidas. A
mãe do jovem descobriu em tempo as
pistas do pacto online no computador do
filho e a polícia, acionada, prendeu a
mulher e esperou a chegada da dupla de
adolescentes que desembarcava na estação
de Furukawa para o encontro. Mas, na
maioria dos casos, é praticamente
impossível impedir os candidatos ao
suicídio em um país de 120 milhões de
habitantes e que detém um recorde de 30
mil suicídios.
As motivações culturais e psicológicas
dos suicidas são creditadas à longa
crise econômica que aflige o país e até
ao choque da guerra e da bomba de
Hiroshima. A onda de crimes decididos
por meio da Internet, no entanto, começou
a aparecer em 1998, quando uma mulher se
matou depois de adquirir cianeto de potássio
na Web. De acordo com um relatório de
dezembro daquele ano, investigadores
descobriram que pelo menos oito pessoas
haviam comprado doses por preços que
variavam de 250 a 400 euros.
Terra
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