O
que acontece no cérebro em casos de depressão?
Murilo Guedes Chaves, Goiânia, GO
Desequilíbrio
químico
O cérebro
é formado por células, os neurônios, que se comunicam por meio de
substâncias chamadas neurotransmissores. Quando uma pessoa está em
depressão, alguns neurotransmissores, por algum motivo, não circulam
como deveriam. As causas são diversas, como predisposição genética,
personalidade melancólica, vivência de situações desgastantes ou
traumáticas, abuso de drogas ou álcool e algumas doenças cerebrais.
Muitas
vezes a doença começa devido a algum problema externo, mas com o tempo
vai se tornando física. Úlcera, enfarte e gastrite, por exemplo, são
desencadeados por estresse, que pode ter origem na depressão. Seus
sintomas mais comuns são desânimo, insônia, apatia, falta de apetite
e de desejo sexual e indisposição até mesmo para coisas simples, como
tomar banho, ver televisão ou ler um jornal. (Algumas pessoas, ao contrário,
têm aumento de sono e de apetite.) Durante a crise, o paciente tem
pensamentos pessimistas e obsessivos e perde o interesse por coisas que
gostava de fazer ou por pessoas com as quais gostava de conviver. É difícil
concentrar-se em uma leitura ou guardar na memória o que lê.
Às vezes
aparecem ansiedade com sudorese, palpitações e tremores, verdadeiros
ataques de pânico. Alguns casos de depressão se caracterizam por dores
vagas e difusas pelo corpo ou na cabeça. O intestino pode ficar preso,
a boca amarga, a pele envelhecida, os cabelos e as unhas fracos e sem
brilho.
O
tratamento pode ser feito de duas maneiras, isoladas ou combinadas. A
primeira delas é a psicoterapia, que irá tratar das causas. A segunda
são os antidepressivos, remédios que corrigem o metabolismo dos
neurotransmissores, normalizando a atividade cerebral. Ao contrário do
que muitos leigos e alguns terapeutas ainda acham, se a depressão
apresenta certo grau de intensidade a medicação tem prioridade
absoluta com relação à terapia.
O EFEITO DEPRESSIVONO
ORGANISMO
Embora
seja desencadeada por um desequilíbrio na atividade química
do cérebro, a depressão normalmente tem causas externas e pode afetar
todo
o organismo. Entenda o caminho da doença:
1- Quando
o cérebro detecta uma situação estressante ou angustiante, estruturas
como o hipotálamo, a amídala e a glândula pituitária ficam em
alerta. Elas trocam informações entre si e enviam sinalizadores químicos
e impulsos nervosos que preparam o corpo para os momentos difíceis
2- As glândulas
supra-renais reagem ao alerta liberando adrenalina, o que faz o coração
bater mais rápido e os pulmões trabalharem mais para oxigenar o corpo.
As células nervosas liberam noradrenalina, que tensiona os músculos e
aguça os sentidos. A digestão fica prejudicada, o que pode provocar
enjôos
3- Depois
que a influência externa passa, os níveis hormonais caem, mas se as
crises forem muito freqüentes tais substâncias podem danificar as artérias.
Casos crônicos levam a um sistema imunológico enfraquecido, perda de
massa óssea, supressão da capacidade reprodutiva e problemas de memória
Fonte: Rubens Pitliuk, coordenador da equipe de Psiquiatria do
Hospital Albert Einstein
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