Minhocas amazônicas são fonte de cálcio

Uma equipe de pesquisadores espanhóis descobriu que a minhoca da terra, ingrediente fundamental da dieta das grávidas de comunidades indígenas amazônicas, é uma ótima fonte de cálcio para as futuras mães. Estas conclusões figuram em um estudo dirigido pela bióloga espanhola Ana García Moreno, uma dos 18 especialistas na análise deste anelídeo que existe em várias partes do mundo.

A bióloga explicou que a pesquisa se concentrou na população indígena venezuelana Yekuana, onde as mulheres comem durante a gravidez e na fase de lactação um tipo de minhoca de terra chamada pelos índios de Kuru, semelhante ao minhocoçu brasileiro, e que chega a medir um metro de comprimento. "Os indígenas comem esta minhoca, mas desconhecem quais são as substâncias que propiciam um bom estado de saúde e um correto desenvolvimento do bebê", disse García Moreno.

Os índios amazônicos limpam o animal por fora e lhe dão farinha durante duas horas, para depois cozinhá-las com cebola e tomate, ou as moem e misturam com carne moída. "Em apenas 30 gramas desta enorme minhoca se tem o aporte diário de cálcio necessário para as grávidas e para o bom desenvolvimento do feto", afirmou a bióloga.

A pesquisa, que inclui um estudo anatômico químico realizado pelo especialista italiano em biologia evolutiva Pietro Omodeo, lembra que o uso das minhocas em medicina se desenvolveu na Ásia e foi utilizado na China como tratamento para múltiplas doenças há mais de 2,3 mil anos. Atualmente e, de acordo com a professora García Moreno, em muitas regiões da China se comercializam remédios com efeito antibiótico, anestésico e antiflogístico (antiinflamatório) compostos por extratos de minhoca da terra.

Outro estudo feito pela professora García Moreno em pequenas comunidades agrícolas cubanas, demonstrou que a aplicação das minhocas da terra serve para o aumento da fertilidade e a recuperação dos solos degradados ou zonas selváticas e desérticas. "Desta forma, os camponeses resolvem vários problemas de seus pequenos cultivos agrícolas e de criação de gado, já que eliminam a matéria orgânica, fertilizam seus campos e com o excesso de minhocas podem alimentar seu gado", disse.

Estes estudos foram apresentados na semana passada em Madri, no I Seminário Internacional sobre as minhocas da terra, convocado pela Faculdade de Biologia da Universidade Complutense da capital espanhola. Um dos objetivos deste congresso foi fazer a primeira análise da biodiversidade deste anelídeo e criar um site onde sejam disponibilizados todos os conhecimentos sobre esta espécie.

 
EFE

 

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