A síndrome do WebSite funcional
De alguns anos pra cá a Internet tem, finalmente, se tornado uma coisa séria
para uma boa parte das empresas brasileiras. Mesmo assim as coisas ainda
estão muito – muito mesmo - longe de serem realmente funcionais.
Afinal, o que é um website funcional? É aquele que consegue atender
às necessidades e expectativas do cliente. E o que é um website
funcional
para a minha empresa? Aí depende...
Cada caso é um caso. Por exemplo, um hotsite de um evento deve ter a
funcionalidade de reserva e pagamento on line, além de reservas de hotel,
verificação de vagas, etc... Um website de uma consultoria deve ter uma
linguagem de comunicação e um visual de acordo com o seu público. Você
não precisa colocar um sistema de e-commerce em um site de consultoria.
As funcionalidades devem ser estudadas e definidas por cada necessidade
e
tipo de negócio.
Um dos maiores problemas em relação à falta de funcionalidade nos
website é a falta de entendimento das empresas sobre o que um website
realmente representa para ela. Muitos não sabem por que devem estar na
Internet, mas sabem que precisam estar porque “todo mundo está”. O
resultado é que a empresa reserva uma verba irrisória para a construção
do seu website sem nenhum tipo de planejamento e o lança com muito pouca
funcionalidade comunicação.
É imperativo que as empresas percebam que elas não entendem de
Internet. Elas entendem do seu mercado, dos seus clientes, dos seus
produtos. Sem perceber isso as empresas tomando decisões erradas, como
contratar pessoal interno para desenvolver in-house o seu website ou
simplesmente contratar empresas de webdesign, que criarão um website
lindo, exatamente como seus diretores querem (e é aí que mora o perigo!)
porém com muito pouco do que seus clientes realmente querem e precisam.
As empresas devem dar à construção do seu website, no mínimo, a
mesma atenção e importância que dão à construção de uma nova sede.
Eis algumas questões que sempre devem ser levadas em consideração na
construção de um website (ou na re-estruturação de um já existente).
Seguindo estas dicas sua empresa terá mais chances de obter sucesso nesta
empreitada.
• VITRINE – Um website é uma vitrine sem vendedores. É uma experiência
solitária de alguém na frente de uma tela de computador visitando a sua
empresa. Não existe espaço para erros. Não existe como dar uma desculpa
e contornar a situação. A impressão deste usuário solitário é a que
fica (e fica mesmo!). Pense em duas vitrines: uma perfeitamente arrumada,
organizada, com um belo vendedor bem vestido na porta e outra totalmente
suja, desorganizada com um vendedor horrível de bermuda e camiseta na
porta. Qual das lojas você acha que o consumidor vai entrar? E você, em
qual delas entraria?
• ORGANIZAÇÃO – Ainda seguindo o pensamento de que um website é
uma extensão da sua empresa, a organização das informações é
extramamente importante. Imagine-se em um supermercado onde o dono, a cada
novo produto que adquire, coloca-o seqüencialmente nas prateleiras.
Provavelmente você jamais achará o que precisa e irá para outro
supermercado mais organizado. É crucial que o cliente ache, rapidamente,
o que está procurando. Este é um dos maiores desafios na construção de
um website funcional.
• O QUE EU QUERO – Um dos maiores erros é a intransigência dos
profissionais da empresa em relação a itens no website. É incrível,
mas as pessoas querem definir coisas como: de que lado deve ficar a barra
de navegação e qual deve ser a cor do GIF. E o pior são as explicações:
porque eu vi no website do UOL, porque o meu sobrinho que é webdesigner
disse ou simplesmente “Porque eu acho bom assim”. Lembre-se sempre
desta frase: “Um website não é feito nem para você nem para a sua
empresa e sim para os seus clientes”. Esqueça o que você acha e pense
no que os seus clientes vão achar. Este é um passo crucial na construção
de um website de sucesso para uma empresa.
• O PESSOAL DA INFORMÁTICA NÃO SABE! – Eu sei que é difícil
aceitar, mas o “pessoal da informática” não entende de Internet. Eu
sei que você sempre achou que eles sabiam tudo o que fosse relacionado a
um computador. Mas não é! Note que uma parte de um website é feito,
obviamente, pelo pessoal técnico, que precisa configurar os servidores e
escrever códigos. Mas a parte mais importante – o que os usuários verão
- deve ser definida pelo marketing e comunicação. No fim um website é
uma extensão da sua empresa que entra dentro da casa do cliente.
• CHAME UM CONSULTOR – Admita. Sua empresa não entende de Internet
(e ela está certa por não entender!). O Gerente de TI não entende de
Internet. O Diretor, muito menos... Contrate, inicialmente, uma
consultoria especializada. Ela vai definir quais as necessidades do
website da empresa e do que ele deve passar para seus clientes - e como
fazê-lo. Vai definir quais as melhores ferramentas, quais os melhores
recursos, vai fazer as cotações com vários fornecedores. No final das
contas a empresa sempre sai ganhando. Terá uma website enxuto, bonito e,
principalmente, funcional. O valor gasto com o consultor certamente será
diluído nos resultados que o website irá trazer, e, em muitos casos, no
próprio custo deste, já que sem o consultor a empresa provavelmente
gastaria mais dinheiro com recursos que nem precisaria.
• RECURSOS! QUE TENTAÇÃO! – É uma verdadeira tentação os
recursos que existem hoje disponíveis na Internet: e-Commerce, auto
atendimento com vídeo, fórum de discussão, helpdesk, enquete, sala de
bate papo, formulários de contato, enfim, uma infinidade deles. Porém
você deve tomar muito cuidado ao definir o que realmente colocar no
website da empresa, por dois motivos. O primeiro é se realmente vai ser
útil, porque, senão, a empresa estará simplesmente jogando dinheiro
fora. O segundo é se a empresa tem capacidade de processar internamente a
demanda deste recurso. Não adianta implementar um complexo sistema de
atendimento ao cliente se não existe pessoal nem mesmo para responder aos
emails.
A Internet no Brasil está realmente decolando e é normal que as
empresas demorem a se adaptar a este novo mundo, tão diferente de tudo o
que conhecíamos. Hoje o número de internautas é bastante significativo.
A maioria dos negócios feitos entre empresas consiste em, no mínimo, uma
visita ao website do fornecedor.
Faça você a sua parte. Se não é você quem decide o que acontece no
website da empresa em que você trabalha, mande esta matéria para quem é
responsável. Certamente você estará ajudando a empresa em que trabalha.
Fernando Costa
é consultor e especialista em soluções de negócios
baseadas em plataforma web. Atualmente gerencia o departamento de sistemas
da ONG Viva Rio.
Site: www.dsone.com.br
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