Alemão
diz que vítima o frustrou
O canibal alemão Armin Meiwes, que confessou ter devorado partes de um homem
morto, disse nesta segunda-feira, segundo dia de seu julgamento na Alemanha,
que chegou a entrar em contato com mais uma pessoa disposta a ser
"comida", depois da primeira morte. Ao justificar-se diante do júri,
ele explicou que a carne da primeira vítima "acabou rapidamente".
Meiwes disse que comeu cerca de 20 quilos de carne do cadáver de Bernd Jürgen
B. durante suas refeições regulares em alguns meses. "O ato de comer os
restos mortais deu sentido à morte, já que o corpo não foi jogado
fora", disse o alemão.
Meiwes, um técnico de computação de 41 anos,
confessou que matou e esquartejou um amigo que conheceu em sala de bate-papo
na internet. De acordo com ele, a vítima teria concordado com ato e pedido
para ser devorada após sua morte. O alemão comeu pedaços congelados do
parceiro durante meses e gravou todos os momentos em fitas de vídeo. Meiwes
disse que sempre quis provar o sabor da carne humana, e que ao comer os restos
mortais "queria ter uma pessoa querida dentro de si".
Nesta segunda-feira, o réu também se declarou
"decepcionado" com sua vítima. "Ele exigiu que eu o
esquartejasse imediatamente. E eu queria conhecê-lo melhor primeiro",
disse. O acusado admitiu ter matado o amigo com diversas facadas no pescoço,
depois de "anestesiá-lo" com bebidas alcóolicas e remédio para
dormir.
A Justiça alemã deve apresentar nesta semana trechos
do vídeo em que Armin Meiwes filmou a morte e o esquartejamento. O juiz
decidiu proibir o acesso do público a essa parte do processo. A promotoria do
tribunal de Kassel, na região central da Alemanha, acusa Armin Meiwes de ter
cometido assassinato por razões sexuais, já que ele declarou que o
esquartejamento o "excitou".
Ele não está sendo julgado por canibalismo, que oficialmente não é um
delito na Alemanha. "Se eu tivesse ido a um psiquiatra há alguns anos,
provavelmente não teria feito o que fiz", declarou Meiwes. O juiz
enfrentará uma situação inédita. Ele terá de decidir que pena dar ao
acusado, que matou a pedido da vítima. A defesa diz que, por isso, ele não
cometeu assassinato. Este é o primeiro caso de "canibalismo voluntário"
na Alemanha, um crime que não está previsto no código penal do país. O
julgamento deve durar duas semanas. Partes do vídeo em que Meiwes filmou a
morte e esquartejamento da vítima deverão ser exibidos durante o processo.
