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Cientistas descobrem gene
responsável pela embriaguez
da Agência Lusa
Pesquisadores norte-americanos descobriram um gene responsável pela embriaguez
depois de embebedarem milhares de pequenos vermes, descoberta que poderá tornar
mais eficaz a luta contra o alcoolismo.
A experiência foi realizada por cientistas da Universidade da Califórnia, em São
Francisco, e vem hoje descrita na revista "Cell".
O estudo partiu do princípio de que o álcool afeta todos os animais de forma
similar. Dessa forma, os homens, como os vermes, deveriam ter um único gene
responsável pela embriaguez.
"O nosso objetivo final é encontrar um meio para curar o alcoolismo e o
abuso de drogas", disse Steven McIntire. "Esperamos desenvolver terapêuticas
eficazes para melhorar a capacidade das pessoas deixarem de beber."
Depois de trabalhar seis anos no projeto, McIntire pode agora identificar um
verme bêbedo tal como um policial de trânsito o faz com um condutor
alcoolizado. Ele e a sua equipe de cientistas deram a dezenas de milhares de
vermes quantidades de álcool semelhantes, na proporção, às que deixariam um
ser humano impedido de dirigir legalmente.
Constataram então que os vermes embriagados se moviam mais devagar e
desastradamente do que os sóbrios e punham menos ovos. Além disso, os vermes sóbrios
formavam claramente um "s" para se mexer, enquanto os ébrios tinham
os corpos mais direitos e menos ativos.
Os pesquisadores descobriram que os vermes sóbrios tinham a mesma variação de
gene que os parece tornar imunes aos efeitos da intoxicação alcoólica.
A missão natural do gene em causa é ajudar a diminuir as transmissões
cerebrais. O álcool aumenta a atividade do gene, que diminui ainda mais a
atividade do cérebro. Mas se o gene estiver defeituoso, o cérebro não tem hipóteses
de acalmar. No entanto, advertem os cientistas, muitos estudos ainda terão de
ser feitos até que a descoberta possa ter efeitos no homem.
"Os seres humanos são muito mais complicados do que os vermes", disse
o professor de neurobiologia Dteven Treistman, da faculdade de Medicina da
Universidade do Massachusetts (EUA).
Treistman acha que muitos outros genes devem contribuir para que uma pessoa
fique embriagada e considera que o trabalho de McIntire com os vermes não pode
medir outros efeitos da intoxicação humana, tais como perturbações na
articulação do discurso e perda de inibições.
No entanto, o cientista diz que esta descoberta é importante por chamar a atenção
para um novo alvo importante na luta contra o alcoolismo.
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